Publicidade

O dólar à vista oscilava pouco ante o real na manhã desta quarta-feira (18), véspera de Copom, conforme os investidores se posicionavam para as decisões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil mais tarde, com a escalada do conflito entre Israel e Irã também no radar. Às 9h20, o dólar à vista caía 0,05%, a R$ 5,4942 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,11%, a R$ 5,501 na venda.

O movimento do real na sessão tinha como pano de fundo a leve fraqueza da divisa norte-americana ante seus pares nos mercados globais, ainda que houvesse pouca volatilidade nas negociações enquanto os agentes financeiros aguardam pelos eventos do dia.

O destaque será o anúncio da mais recente decisão de juros do banco central dos Estados Unidos, com ampla expectativa de que os membros mantenham a taxa na faixa atual de 4,25% a 4,50%, uma vez que esperam pela definição de uma série de incertezas.

As autoridades têm enfrentado neste ano as perspectivas de desaceleração econômica e inflação mais alta devido à implementação de tarifas pelo presidente Donald Trump, com suas constantes ameaças e recuos na política comercial tornando o cenário ainda mais incerto.

Desde sexta-feira (13), entrou também no radar o conflito no Oriente Médio, com Israel e Irã trocando ataques de mísseis, o que elevava os temores de transtornos na produção e exportação de petróleo na região, aumentando os preços do combustível no mercado internacional.

Os investidores estarão atentos às projeções econômicas e de juros atualizadas do Fed, após os membros projetarem em março duas reduções de 0,25 ponto percentual na taxa de juros até o fim deste ano.

Diante da espera pela decisão do Fed e por mais novidades sobre a guerra no Oriente Médio, investidores optavam por cautela neste pregão, sem realizar grandes apostas para qualquer direção.

“Embora estejamos preocupados que esta fase possa ser o início de um conflito sustentado na região, a precificação de riscos geopolíticos tem sido historicamente efêmera”, disseram analistas do Citi em relatório.

“No entanto, se os fluxos de petróleo forem significativamente interrompidos, o impacto global poderá ser significativo.”

No Brasil, o mercado nacional avaliará após o fechamento dos mercados a decisão do Comitê de Política Monetária do BC sobre a taxa de juros Selic, com os investidores bem mais incertos sobre o resultado da reunião do que em relação ao Fed.

As apostas do mercado estão divididas entre a manutenção dos juros em 14,75% – com chance de 55% – e uma alta de 0,25 ponto – com probabilidade de 45% -, de acordo com números da LSEG.

Os investidores também seguem de olho no impasse sobre as tentativas do governo de elevar as alíquotas do IOF, após a Câmara dos Deputados aprovar na segunda a urgência de votação de um projeto legislativo para derrubar o plano do Executivo.

Na terça-feira, o dólar à vista fechou em leve alta de 0,18%, a R$ 5,4972.

Menor cotação em 2025

O dólar fechou na menor cotação de 2025 na segunda-feira (16) . E, pela primeira vez desde outubro de 2024, ficou abaixo do piso de R$ 5,50. A moeda americana registrou uma queda de 0,98% ante o real e terminou o dia cotada a R$ 5,4871.

O real acompanhou o movimento das moedas no exterior, com um enfraquecimento generalizado da moeda americana. O mercado reagiu, basicamente, a uma sinalização do Irã para um cessar-fogo com Israel. O conflito começou na sexta-feira passada com ataques aéreos de Israel a capital do país islâmico e se intensificou ao longo dos últimos dias.

Em 2025, o dólar acumula uma queda de 11,20% frente ao real.

A perspectiva de uma eventual trégua no conflito do Oriente Médio ajudou a levar os preços do petróleo para baixo. Essa percepção também estimulou investidores a voltar para mercados mais arriscados, tirando força do dólar, que é visto como porto seguro em momentos de tensão global.

A melhora de humor já começou no início da sessão de segunda-feira. A divulgação de dados positivos das vendas do varejo e da produção industrial da China aliviaram as preocupações com a guerra tarfiária entre EUA e o país asiático.

As vendas do varejo chinês cresceram 6,4% em maio ante abril, acima da expectativa de 5,0. Já a produção industrial chinesa avançou 5,8% na mesma base de comparação, quase em linha com os 5,9% esperados. Os números da China ajudaram a fortalecer as moedas de países exportadores de commodities, como o Brasil.

“O recuo da moeda americana frente a pares globais, impulsionado por dados mais fracos da indústria nos EUA e indicadores positivos da China, somado à queda do petróleo com sinais positivos vindo no Oriente Médio, criou um ambiente propício ao aumento do apetite por risco”, resumiu Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

O dia também foi marcado pelas expectativas em relação à “super-quarta”, quando o Federal Reserve, o banco central dos EUA, e o BC do Brasil decidirão sobre suas taxas de juros.

As apostas de agentes do mercado apontam para uma elevação adicional de 25 pontos-base da Selic. Enquanto que a ferramenta FedWatch, do CME, mostrava que 99,8% dos investidores apostam em manutenção da taxa pelo Fed.

Um aumento do chamado diferencial de juros, ou seja, da distância entre as taxas daqui e dos EUA, favorece o recuo do dólar ante o real. Atualmente a Selic está em 14,75% ao ano e pode subir para 15% na visão do mercado. Juros maiores mantêm o Brasil atrativo ao capital externo, o que pdoe significar aumento do fluxo de dólares para o país.