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Dólar ronda estabilidade frente ao real com melhora externa

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SÃO PAULO (Reuters) -O dólar rondava a estabilidade frente ao real nesta quinta-feira, em linha com melhora do sentimento internacional após turbulências recentes, enquanto, na cena local, o fiscal seguia no radar.

Às 10h10 (de Brasília), o dólar à vista caía 0,06%, a R$ 5,2413 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,27%, a R$ 5,252 na venda.

Na véspera, o dólar fechou o dia cotado a R$ 5,2445 na venda, em baixa de 0,46%, interrompendo sequência de cinco sessões consecutivas de ganhos, que havia sido alimentada principalmente por novos adiamentos das apostas sobre quando o Federal Reserve cortará os juros.

Economistas da Genial Investimentos citaram “sinais de possível estabilização dos mercados após a turbulência no início da semana”, em meio a nova alta dos futuros acionários de Wall Street e moderação do índice do dólar, embora a moeda norte-americana seguisse perto de picos recentes.

Dados desta quinta-feira mostraram que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego ficou estável em níveis baixos na semana passada, apontando para a continuidade da força do mercado de trabalho.

No entanto, alguns participantes avaliaram que os dados não pesam muito no sentimento do mercado porque a resiliência da economia norte-americana e a provável necessidade de juros altos por mais tempo já foram precificadas nos últimos dias.

Colaborando para a recuperação do sentimento global, não há sinais claros, pelo menos até o momento, de uma retaliação direta de Israel contra o Irã após ataques do último final de semana, em meio a pressão global para que não haja escalada desastrosa do conflito no Oriente Médio.

“No médio prazo, com a dissipação de alguns choques, como uma redução do impasse no Oriente Médio, a maior clareza da economia dos EUA e entendimento melhor sobre a evolução das contas públicas, a tendência é que o dólar… fique em um patamar um pouco mais baixo”, avaliou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research

Ele sublinhou que a recente alta do dólar pode ser uma preocupação para o Banco Central do Brasil.

“Se o câmbio continuar nesse patamar pelas próximos semanas e observarmos alguma pressão na parte das commodities, no médio prazo, a soma desses dois fatores pode se traduzir em inflação aqui no Brasil ou pode impedir um ritmo de queda mais acelerado dos preços”, disse Sung.

“Esse movimento poderia diminuir a flexibilização da taxa de juros pelo Banco Central do Brasil.”

Na véspera, o próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que uma manutenção do cenário de incerteza elevada pode significar uma redução do ritmo de afrouxamento monetário. Embora tenha dito que a maior parte da incerteza é global, ele citou também riscos fiscais domésticos.

O anúncio do governo de que perseguirá metas fiscais menos ousadas nos próximos anos foi mal recebido pelo mercado e, aliado a fatores externos, deteriorou indicadores e gerou forte desvalorização do real.

Em teoria, um ritmo mais lento de afrouxamento monetário no Brasil seria positivo para a moeda local, uma vez que isso preservaria melhor a rentabilidade do mercado de renda fixa, atraindo investidores estrangeiros. No entanto, esse impulso poderia não ter efetividade caso fosse motivado por deterioração do risco fiscal, já que esse também é um fator levado em consideração por agentes financeiros na hora de escolher destinos de investimento.

(Por Luana Maria Benedito; Edição de Camila Moreira)

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