Ao término de uma reunião de dois dias de política monetária, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) votou para reduzir sua faixa-alvo para a taxa dos “federal funds” para entre 3,5% e 3,75%. Foi uma decisão amplamente antecipada tanto por investidores quanto por economistas.
Antes da decisão, o mercado de futuros de juros atribuía 90% de probabilidade de que as autoridades cortariam as taxas em 0,25 ponto percentual. Embora a paralisação do governo tenha privado os membros do Fed de muitos dos indicadores econômicos típicos, os dados disponíveis em grande parte apontaram para um mercado de trabalho mais fraco, enquanto a inflação permanece acima da meta de 2% do Fed.
A preocupação com o mercado de trabalho levou as autoridades do Fed a reduzirem as taxas em setembro e outubro, mas o resultado da reunião desta quarta-feira era menos certo. Ainda assim, a alta do desemprego de 4,3% para 4,4% em setembro e quedas nas contratações do setor privado levaram muitos especialistas a especular que o Fed daria prioridade ao emprego, em vez de tentar conter os preços, especialmente considerando que os dados mais recentes não apontavam para uma inflação fora de controle.
Dirigentes divididos
Os dirigentes do Fed estão cada vez mais divididos. Pela primeira vez desde 2019, três membros votaram contra a decisão, com divergências: alguns queriam cortar mais os juros e outros preferiam manter as taxas.
Na reunião desta quarta-feira, a maioria votou a favor, incluindo o presidente do Fed, Jerome H. Powell, o Vice-Presidente John C. Williams, e os membros Michael S. Barr, Michelle W. Bowman, Susan M. Collins, Lisa D. Cook, Philip N. Jefferson, Alberto G. Musalem e Christopher J. Waller. Três membros se posicionaram contra: Stephen I. Miran, que preferia um corte maior e Austan D. Goolsbee e Jeffrey R. Schmid, que defendiam não alterar a faixa-alvo nesta reunião.
2026
Novas projeções divulgadas após a reunião de dois dias do banco central dos Estados Unidos mostraram que a mediana dos formuladores de política monetária vê apenas um corte de 0,25 ponto percentual em 2026, a mesma perspectiva de setembro, com a expectativa de que a inflação desacelere para cerca de 2,4% até o final do próximo ano, mesmo com o crescimento econômico acelerando para 2,3%, acima da tendência, e a taxa de desemprego permanecendo em 4,4%, um nível moderado.
“Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais na taxa básica, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados que estão chegando”, disse o Comitê Federal de Mercado Aberto, que fixa os juros, em uma linguagem que, no passado, foi usada para sinalizar uma pausa nas ações de política monetária uma perspectiva em desacordo com as expectativas do mercado de dois cortes no próximo ano.
Cautela
Em entrevista coletiva realizada pós decisão, Jerome Powell disse que a decisão de cortar a taxa foi complexa e que o banco central está adotando uma postura de “esperar para ver” a evolução da economia antes de definir novos movimentos. “Poderia haver argumentos para ambos os lado. É uma decisão difícil. Sempre esperamos que os dados nos forneçam uma leitura clara. É uma situação muito desafiadora”, disse o presidente do Fed.
Powell também ressaltou que a política monetária do Fed não está em um curso predefinido e que futuras decisões serão tomadas reunião a reunião, com base nos dados econômicos e na evolução do balanço de riscos. “Destaco que, tendo reduzido nossa taxa de juros em 75 pontos-base desde setembro e 175 pontos-base desde setembro do ano passado, a taxa básica está agora dentro de uma ampla faixa de estimativas de seu valor neutro, e estamos bem posicionados para esperar e observar como a economia evolui.”
