Finanças
Fundo contra crises se prepara para bolha de crédito estourar
Para Mark Spitznagel, sistema financeiro está mais vulnerável à ‘maior bolha de crédito da história da humanidade’.
Mark Spitznagel é pago para estar preparado para quando os elos mais fracos do mercado forem expostos a grandes choques.
Neste momento, o fundador da Universa Investments, cujo fundo visa proteger os clientes durante crises inesperadas, diz que o sistema financeiro está mais vulnerável à “maior bolha de crédito da história da humanidade”.
“Se essa bolha de crédito estourar, será a quebra de mercado mais catastrófica sobre a qual alguém já leu – mas vamos torcer para que isso não aconteça”, disse Spitznagel, diretor de investimentos da Universa, com sede em Miami, em entrevista. “Nós nos metemos em uma situação difícil.”
Spitznagel, de 51 anos, insiste que não é um alarmista. Ele critica há muito tempo os bancos centrais por manterem as taxas de juros próximas de zero ou mesmo negativas, o que, segundo ele, inflou os valores dos ativos e encorajou o endividamento excessivo. Autoridades de todo o mundo agora apertam a política monetária para combater a inflação elevada.
Sua advertência segue outras observações de cautela esta semana do CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, que disse aos investidores para se prepararem para um “furacão” econômico, e do presidente do Goldman Sachs, John Waldron, que apountou para um número sem precedentes de choques e espera “tempos econômicos mais difíceis pela frente”.
Ativos tradicionais de alta qualidade, como títulos do Tesouro dos EUA e ouro, decepcionam os investidores este ano, piorando o problema, disse Spitznagel. Em seu livro de 2021, “Safe Haven”, ele argumentou que ambos eram inconsistentes na mitigação de riscos.
A Universa, fundada em 2007 e assessorada por Nassim Nicholas Taleb, é um fundo especializado em mitigação de riscos. Ele visa proteger contra as maiores quebras de mercado, preservando o capital durante esses períodos. A gestora disse aos clientes que suas negociações de opções retornaram 3.612% em março de 2020, segundo carta obtida pela Bloomberg na época.
Em um momento em que grandes fundos como o Tiger Global Management de Chase Coleman são abalados por uma liquidação em ações de tecnologia e o Melvin Capital Management de Gabe Plotkin é fechado após uma série de perdas, Spitznagel reiterou suas críticas ao setor em geral.
“Qual o propósito dos fundos de hedge no portfólio de alguém? Eu nunca fui capaz de responder a essa pergunta”, disse ele. “Os fundos de hedge criaram uma solução para o problema errado.”
Estratégias populares de fundos como paridade de risco e redução da volatilidade não ajudam muito a melhorar retornos ao buscar refúgios quando os mercados caem, disse Spitznagel. Na verdade, eles podem perder dinheiro a longo prazo.
Quem tenta mitigar o risco taticamente “vai ser queimados, é isso que o mercado faz com as pessoas”, disse Spitznagel.
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