Em 3 anos, apenas 43% dos fundos de ações superam Ibovespa, diz estudo

Nos últimos 3 anos, 43% dos Fundos de Investimentos de Ações (FIAs) superaram o índice Ibovespa, o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, de acordo com estudo enviado pela plataforma de informações financeiras Quantum Finance ao InvestNews.

O levantamento analisou uma amostra de fundos de ações com mais de 1,5 mil cotistas e com negociação no mercado há mais de 3 anos, totalizando 211 FIAs. Desse montante, 90 dos fundos superaram o Ibovespa em rentabilidade.

Os dados do estudo foram analisados entre 31 de julho de 2019 e 31 de julho de 2022. Nesse período, o índice Ibovespa acumulou retorno de 0,23%. Para a avaliação da performance de um fundo, é recomendável a análise de, no mínimo, 12 meses.

O Ibovespa é uma das principais métricas de “benchmark” usadas por gestores de ações, quando o objetivo é entregar ao investidor um desempenho acima da referência do mercado.

O analista João Daronco, da Suno Investimentos, considera baixo o percentual de FIAs com performance superior ao indicador da B3, e diz que há vários fatores por trás desse desempenho.

“Um dos fatores que jogam contra [a rentabilidade] é a taxa [de administração], porque ela tem que performar o mercado mais a taxa. De uma maneira geral, é difícil os fundos baterem o mercado com consistência.”

João Daronco, da Suno Research

Apesar do percentual de 43% dos fundos com rentabilidade acima do Ibovespa ser considerado baixo, em outros países, como os Estados Unidos, essa proporção costuma ser menor ainda, variando entre 15% e 20%.

De acordo com Daronco, o fato de o Ibovespa ser composto principalmente por empresas produtoras de commodities já garante um retorno melhor que dos FIAs. “Grande parte do Ibovespa está concentrada em Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4). Um fundo que não tem tantas commodities como o Ibovespa já sai perdendo”, explica.

‘Lanterninhas’

O Alfa FIC Ações foi o FIA que teve o pior desempenho no estudo, com retorno negativo de 58,34% nos últimos três anos. Administrado pelo Banco Alfa de Investimentos, o fundo tem patrimônio líquido de mais de R$ 3,4 milhões.

Em segundo e terceiro lugar do ranking dos lanterninhas aparecem os FIAs da popular gestora Alaska Asset Management. Com patrimônio líquido de mais de R$ 1 bilhão, o Alaska Black FIC Ações BDR Nível I, teve retorno negativo de 47,13% no período avaliado. E o Alaska Black II FIC ações BDR Nível I teve queda de 45,80%.

Na quarta colocação, aparece outro fundo da Banco Alfa, o Alfamais FIC Ações, com retorno negativo acumulado de 45,35%

Alta rentabilidade

Na contramão, aparecem os fundos mais rentáveis nos últimos anos, com retorno acima do Ibovespa, totalizando 90 FIAs.

A gestora Trígono Capital lidera o ranking com o fundos de investimentos com melhor desempenho de 2019 a 2022.

O Trígono Delphos Income FIC Ações rendeu 140,49% e aparece na primeira posição, com cerca de 50 mil cotistas e patrimônio de mais de R$ 331 milhões.

“É uma rentabilidade muito boa e não é à toa que o Trígono cresceu muito nos últimos tempos. Quando a gente vai selecionar fundos, não tem relação com o retorno do último ano, tem a ver com quem está lá dentro, qual o histórico dessa pessoa e como ela investe, são pessoas extremamente competentes”, opina Daronco.

Em segundo lugar, a Arbor Global equities BRL FIC Ações BDR Nível I, da gestora Arbor Capital, teve retorno de 112,90%.

Na terceira posição do ranking aparece outro fundo da Trígono Capital, com retorno de 105,61%. Esse é o último fundo que teve rentabilidade acima de 100% do Ibovespa, de acordo com o levantamento.

O analista de investimento da Suno Research ressalta outro motivo para a boa colocação da gestora Trígono Capital.

“Além disso, está muito baseado em procurar valor nas empresas e rendimento de longo prazo. Grande parte do investimento da Trígono está em small caps, que são empresas menores. Outro ponto que chama a atenção é o patrimônio líquido desses fundos ser baixo, que fica mais fácil alocar”, continua o analista.

O que são FIAs?

Os Fundos de Investimentos de Ações (FIAs) são uma forma de entrar no mercado de ações através da compra de papéis administrados por gestores profissionais. Esses fundos fazem aportes, principalmente, em papéis de companhias da bolsa de valores. 

São um tipo de investimento em que se terceiriza a escolha dos ativos – ou seja, a decisão de onde se vai investir.

O ponto negativo é o pagamento da taxa de administração e de performance. A taxa de administração é fixa e normalmente é um percentual do patrimônio líquido do fundo ou da quantia investida, já a performance é variável.

As cotas são oferecidas para investidores por meio das plataformas das corretoras de valores, onde o investidor pode adquirir o número de cotas desejadas.