Finanças
Patrimônio dos fundos de ‘super-ricos’ sobe 15% em 18 meses, diz Anbima
Levantamento mostra que fundos exclusivos não tiveram grandes movimentações com discussão de tributação.
O patrimônio dos fundos exclusivos, destinados aos investidores qualificados e que possuem um único cotista, conhecido como fundos dos “super-ricos”, cresceu 15% em 18 meses, de acordo com levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Em janeiro de 2022, o patrimônio dos fundos era de R$ 843 bilhões passando para R$ 969,5 bilhões em agosto de 2023. A captação líquida mensal foi de R$ 85,7 bilhões neste ano.
Um projeto de lei discute a taxação dos fundos fechados e o relator na Câmara dos Deputados, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), propôs tributar em 6% os investidores. Já o governo federal havia proposto taxar em 10%.
Segundo a Anbima, os fundos exclusivos podem ser abertos (podendo receber aportes e resgates diários) e fechados (que não podem receber aportes e resgates fora da janela). Os fundos abertos já são tributados com come-cotas.
A evolução do patrimônio líquido dos fundos exclusivos fechados passou de R$ 229,6 bilhões em julho para R$ 233,4 bilhões em agosto deste ano. E o patrimônio líquido dos fundos exclusivos abertos avançou de R4 733 bilhões para R$ 736,1 bilhões no mesmo período de 2023.
“O que o governo está trazendo é a tributação de fundos fechados, que podem ter diversos cotistas dos mais diversos poderes aquisitivos e não necessariamente só os super-ricos. A tributação que está sendo proposta não é apenas para fundos exclusivos.”
Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima
Já o fundos fechados atingiram R$ 1,9 trilhão de patrimônio líquido nos últimos 18 meses, com 88% de participação de fundos não exclusivos, ou seja, apenas 12% dos fundos têm um único cotista.
“Mesmo com a discussão da tributação dos fundos fechados, até agora a gente não viu nenhum impacto mais relevante de saída ou de movimentações nesses fundos, apesar de possivelmente eles começarem a ser taxados a partir do ano que vem”, ressaltou Rudge.
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Dados gerais
Em um ano, o número de fundos cresceu 6,3%, passando de 28.260 para 30.040. O patrimônio líquido acumulado é de R$ 9,1 trilhões, uma alta de 8,6%.
O número de contas teve aumento de 11,7%, sendo 32,9 milhões em setembro de 2022 e 36,7 milhões em setembro de 2023. Já o número de gestores aumentou em 10,3%, de 884 para 975 no período.
A captação líquida acumulada ficou negativa em R$ 77 bilhões.
“Em setembro quase todas as classes de ativos tiveram resgates líquidos e no acumulado a gente consegue ver que multimercados é o carro chefe com R$ 57 bilhões, ações com R$ 39,5 bilhões, renda fixa com R$ 37,5 bilhões”, afirmou Pedro Rudge.
Terceiro trimestre
A renda fixa foi o carro-chefe do terceiro trimestre, com captação de R$ 35,6 bilhões de um total de R$ 38,4 bilhões.
“É esperado que em um momento de taxa de juros mais alta e alguma incerteza, é normal que os fundos mais conservadores acabem tendo uma demanda maior”, disse Rudge.
Fiagro
O fundo que financia o agronegócio, o Fiagro, vem apresentando bons resultados. Em dois anos, o patrimônio líquido aumentou 30 vezes.
Atualmente são 68 fundos com patrimônio líquido de R$ 15,8 bilhões, 50 gestores e 16 administradores. A captação líquida mensal em 2023 foi de R$ 2,3 bilhões.
O número de cotistas passou de 443 am agosto de 2021 para 535.102 em agosto de 2023.
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