Finanças
Gerdau cede 6% após Goldman e JPMorgan cortarem recomendação para ação
Para o Goldman, a combinação de enfraquecimento da lucratividade nos principais mercados onde a empresa atua, juntamente com o aumento do capex, limitarão a capacidade de retorno aos acionistas.
As ações ordinárias da Gerdau (GGBR3) registravam baixa de 5,71% na tarde desta quinta-feira (09), enquanto as preferenciais (GGBR4) recuavam 6,56%. Já os papéis da Metalúrgica Gerdau (GOAU4) caíam 6,56%.
O desempenho negativo ocorre após os bancos de investimentos Goldman Sachs e JPMorgan cortarem a recomendação sobre o que fazer com o papel de compra para neutra.
O Goldman Sachs também reduziu o preço-alvo para a ação preferencial de R$ 38 para R$ 31, enquanto o JPMorgan manteve a expectativa em R$ 31,19.
Em relatório, Marcio Farid, Gabriel Simoes e Henrique Marques, analistas do Goldman Sachs, afirmaram que desde que as ações da empresa foram adicionadas à lista de recomendação de compras do banco, em 9 de dezembro de 2021, o papel GGBR4 registra alta de 8% (contra avanço de 3% do Ibovespa), superando a média dos pares de aço na América Latina em 35%.
No entanto, a equipe do banco acredita que agora o risco/recompensa é mais equilibrado, visto que os catalisadores positivos são limitados. “Mais especificamente, acreditamos que a combinação de enfraquecimento da lucratividade em seus principais mercados (EUA e Brasil), juntamente com o aumento o capex limitarão a capacidade da empresa em devolver dinheiro aos acionistas”.
Para os analistas essa visão mais equilibrada se deve à alta limitada aos preços de referência do aço doméstico.
“Os preços domésticos do aço da Gerdau têm sido historicamente negociados com um prêmio de paridade de importação para o vergalhão turco, que geralmente segue os preços do vergalhão da China. No entanto, o vergalhão turco já está sendo negociado com um prêmio de 11% em relação aos preços da China (contra 4% de desconto historicamente) e, em um contexto de desaceleração da atividade China em 2023, vemos espaço limitado para ganhos adicionais”.
Os analistas reconhecem os interessantes impulsionadores de valor de longo prazo da empresa (diversificação regional, qualidade de ativos e forte posição de balanço), mas enxergam um potencial de valorização limitado.
JPMorgan
O JPMorgan avaliou em relatório que haverá melhores oportunidades de entrada nas ações de Gerdau e também da Vale, ao longo de 2023, quando a reabertura da China se tornar um fator mais relevante para as commodities.
Além da Gerdau, o banco rebaixou para neutra a recomendação para o papel da Vale.
Para os analistas Rodolfo Angele e Lucas F. Yang, apesar da reabertura da China, os fundamentos do minério de ferro não mudaram materialmente. “A demanda por aço da China tem sido fraca e esperamos queda de 1% na produção. Enquanto isso, a oferta de minério de ferro deve se recuperar sazonalmente à medida que as chuvas diminuem no Brasil”, explicou.
Além disso, esperam que os preços do minério de ferro sejam corrigidos no segundo trimestre de 2023.
Sobre a Gerdau, os analistas falam em um “ano de normalização”. Na avaliação da equipe, a Gerdau tem reportado bons resultados nos últimos anos, e o tema para 2023 é a velocidade e o nível de normalização.
“Embora esperemos que os ganhos se estabilizem em níveis muito mais altos do que nos ciclos anteriores, o ímpeto dos ganhos ainda é descendente. Os preços das ações também subiram e a Gerdau está sendo negociada atualmente a 4,0 e 4,8 vezes o EV/Ebitda em 2023 e 2024, em relação aos níveis justos de 4,5 e 5,0 vezes. Acreditamos que há uma vantagem limitada nos preços atuais e, à medida que o impulso dos ganhos se deteriorar, os preços das ações devem acompanhar”, escreveram Rodolfo Angele e Lucas F. Yang.
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