Finanças
Gestor quant da BlackRock vê fim de títulos dos EUA como hedge
Temores inflacionários atingiram tanto as ações quanto os títulos este ano, segundo Jeffrey Rosenberg e Tom Parker.
O gestor de fundos quantitativos da BlackRock, Jeffrey Rosenberg, se junta rapidamente aos mais pessimistas de Wall Street e reduz sua exposição a ações e títulos corporativos – e diz que as notas do Tesouro americano não são mais um hedge para portfólios (mecanismo de proteção para o investidor que minimiza e gerencia os riscos do efeito da variação de preços dentro de uma carteira).
Com US$ 11 bilhões de ativos sob sua supervisão, ele prevê novos danos nos mercados globais, mesmo quando um início de ano tumultuado começa a atrair compradores, incluindo de dívida soberana.
“O Fed não é seu amigo”, disse Rosenberg, cujo portfólio inclui os US$ 9,6 bilhões do BlackRock Systematic Multi-Strategy Fund. “Quando o Fed vê os mercados financeiros caindo, isso significa que as condições financeiras estão apertando. Isso os ajuda. Eles querem ver a gordura sair.”
Os temores inflacionários atingiram tanto as ações quanto os títulos este ano – um ambiente com o qual muitos investidores têm “pouca ou zero experiência”, disseram Rosenberg e seu colega da BlackRock Tom Parker, em nota.
Isso os coloca no lado baixista de um debate intenso sobre se os títulos ainda são dignos de serem chamado de hedge depois que os Treasuries de 10 anos registraram grandes perdas este ano.
Os yields (retornos sobre investimentos) mais altos e as expectativas de inflação mais brandas do mercado começaram a atrair alguns investidores, que argumentam que os ativos parecem atraentes novamente em meio aos crescentes riscos econômicos da desaceleração da China e consequências da guerra na Ucrânia.
Mas para Rosenberg, o caminho de aperto do Fed ainda tem muito mais a percorrer depois que os dados econômicos da semana passada mostraram pressões inflacionárias se espalhando para o setor de serviços da economia americana. Historicamente, aponta o investidor, a taxa básica atinge um pico acima da alta dos preços ao consumidor antes de desacelerar.
O ex-estrategista chefe de crédito do Bank of America avalia que a taxa neutra – que não acelera nem desacelera a economia – está acima da faixa de 2% a 3% atualmente estimada pelo Fed, e a curva de juros tem espaço para aumentar novamente à medida que os rendimentos de longo prazo aumentam para refletir taxa básica mais alta.
“A taxa neutra é de 2-3% apenas se a inflação cair imaculadamente”, disse Rosenberg.
O BlackRock Core Alpha Bond Fund perdeu 11% este ano, enquanto o Systematic Multi-Strategy Fund caiu 3%. Isso se compara a uma perda de 10% para títulos de referência dos EUA e de 16% no S&P 500.