Finanças

Hapvida, Sulamerica, Rede D’Or: como alta do piso de enfermagem afeta as ações?

Para quem investe nas ações de operadoras de saúde, o que considerar se o piso de enfermagem decretado por Bolsonaro e suspenso por Barroso for implementado?

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O setor de saúde vem agitando o mercado. Após o ministro Luiz Roberto Barroso suspender por tempo determinado a alta no piso salarial de enfermagem, as ações do setor retomaram em partes o fôlego, até que uma segunda ordem seja determinada.

Tinha sido aprovado no Congresso e sancionado pelo presidente Bolsonaro um novo piso na ordem de R$ 4.750 para trabalhadores de enfermagem. O que levou preocupações nos custos operacionais para o setor como um todo – do público ao privado.

Para quem tem na carteira ações das operadoras de saúde, quais seriam os sinais de alerta, ou, qual a probabilidade de perdas pelo caminho se o piso for de fato implementado? Para Flávio Conde, Head de investimentos em renda variável da Levante, analisando do ponto de vista dos trabalhadores, o aumento é justo e merecido uma vez que os profissionais de enfermagem gastam hoje muito mais para se prepararem para ser enfermeiro técnico. Em especial nas grandes capitais. Mas em outras regiões do país, como Norte e Nordeste, onde inclusive a Hapvida (HAPV3) tem forte presença – a realidade é outra.

“Nessa região, trabalhadores têm um piso salarial  menor, o que claro, os  beneficiaria. No entanto, os custos aumentariam em uma área economicamente “mais frágil” quando comparamos com São Paulo, por exemplo. E não só lá, mas em todo o país, existem prefeituras em cidades menores, com receitas menores, hospitais menores, e que não podem pagar o piso salarial proposto. Então apesar de ser merecido, precisa ver a realidade de cada região. Por isso, se houvesse uma regionalização, talvez pudesse ter uma diferenciação nos salários, já que  norte, sul, sudeste e centro oeste têm realidades bem distintas”, apontou Conde.

Para o analista, os hospitais municipais e estaduais também poderiam ter outro tipo de negociação, uma vez que um hospital estadual na cidade de São Paulo pode pegar um maior salário para um enfermeiro,  enquanto que um hospital em uma cidade do interior com 20 mil habitantes não pode pagar o mesmo salário. A Genial investimentos também compartilha da opinião, e entende que o piso tem um impacto extremamente negativo no setor público de saúde, que não tem capacidade de absorver os custos adicionais levando a demissões, fechamento de leitos e, por consequência, precarização do SUS e das Santas Casas.

Para Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos, muitas empresas vão tentar reduzir os custos fazendo trocas – tirando enfermeiro e alocando um auxiliar. O que pode influenciar na qualidade dos atendimentos. Já outro ponto é que hoje tem uma sinistralidade (a relação de mensalidades pagas versus custo com assistência) alta  para as empresas de saúde. E uma forma de reduzir isso, não será através na redução de procedimentos ou uso do plano de saúde no curto prazo, mas sim, aumento no valor do prêmio (que é um aumento para o quanto o consumidor final vai pagar no plano, e com esse aumento, isso pode ajustar a reequilibrar o percentual de sinistralidade).

“Então já temos uma pressão altista nos planos por causa da sinistralidade, e se tiver um aumento nos custos, os planos tendem a ficar mais caros. E planos mais caros ficam menos acessíveis ao público de menor renda. E é ainda onde a Hapvida se enquadra. A companhia se posiciona logo acima do SUS na região onde opera. E considerando que  a inflação já tirou o poder de compra de quem tem baixa renda,  com o encarecimento dos planos, fica ainda mais difícil do público contratar o serviço”, diz Komura. Logo, a suspensão feita por Barroso deve  beneficiar de forma mais positiva as ações da Hapvida (HAPV3).

Veja neste Cafeína a análise completa para o setor de saúde presente na B3.

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