Finanças

Ibovespa chega aos 100 mil pontos, mas recua com temor de quarentena nos EUA

Apesar de bater a marca durante o dia, bolsa de valores frustrou alta e recuou para os 99.160 pontos

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Finalmente chegamos aos 100 mil pontos, mas a festa não durou muito. E a comemoração por bater a marca no fechamento do pregão vai precisar novamente ser adiada. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda de 0,61% aos 99.160 pontos. A bolsa de valores virou para a queda com aumento de casos de coronavírus nos Estados Unidos, o que pode provocar que alguns estados entrem novamente em quarentena.

Até ontem (8), os EUA registravam 60 mil novas infecções e mais de 900 mortos em apenas dois dias consecutivos. Com este cenário complexo, os índices americanos recuaram. Dow Jones caiu 1,39%, enquanto o S&P 500 recuou 0,56%. Já o Nasdaq teve leve alta de 0,53%.

Ainda na economia americana saíram novos indicadores. Os pedidos de seguro-desemprego registrados na semana passada foram de 1,314 milhão, segundo dados do Departamento do Trabalho. Dado levemente abaixo do que esperado por economistas que era 1,38 milhão de solicitações do benefício.

Com esse clima de volatilidade, o dólar também teve leve queda. O dólar comercial fechou cotado a R$ 5,343, com variação negativa de 0,07%. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,372.

Entre as ações mais negociadas do dia caíram as preferencias da Petrobras (PETR4), com queda de 2,25%. Os papéis da companhia acompanharam a baixa nos preços do petróleo. O WTI e o Brent recuaram 3,5% e 2,4%, respectivamente. Já os ativos da Vale (VALE3) fecharam em queda de 1,57%.

Os bancos que foram impactados em meio a notícias de mudança nos juros do cheque especial e cartão de crédito ainda não recuperam seu desempenho. O Bradesco (BBDC4) caiu 2,23%, enquanto as ações do Itaú (ITUB4) tiveram leve alta de 0,04%.

Com indicadores positivos do setor, as ações da Via Varejo (VVAR3) dispararam e fecharam em alta de 7,21%.

Destaques da Bolsa

A maior queda do dia é da Braskem (BRKM5) que fechou em queda de 7,02%. A petroquímica recuou após a notícia de que a Defesa Civil incluiu 1.918 imóveis para desocupação em Alagoas, nas áreas afetadas pela extração de sal-gema em Maceió. Na véspera, a Standard & Poor’s rebaixou as notas de crédito da companhia. A estimativa é que a Braskem desembolse R$ 1,6 bilhão para lidar com as consequências do problema.

Com a notícia de que a Latam Brasil se juntou ao processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, os investidores ficam de olho nas áreas. A Medida Provisória 925- que estabelece o prazo de até 12 meses para que as companhias aéreas devolvam aos consumidores o valor das viagens canceladas pela pandemia-avança para votação do senado. A AZUL (AZUL4) e GOL (GOLL4) fecharam em queda de 2,93% e 0,66%, respectivamente.

No radar do mercado também está o IRB Brasil (IRBR3) que fechou em queda de 0,21%. Durante o dia, a companhia chegou a cair quase 10% com a notícia de aprovação para o aumento de capital. A expectativa da resseguradora é captar no mínimo R$ 2,1 bilhões e no máximo R$ 2,3 bilhões, por meio de emissão de ações.

Entre os destaques positivos estavam as ações da Eletrobras disparam ainda com a expectativa da privatização da estatal, mesmo com o governo falando na possibilidade de ficar com uma golden share. As ações preferenciais da Eletrobras (ELET6) fecharam em alta de 9,39% enquanto as ações ordinárias (ELET3) subiram 8,60%.

Indicadores

O Indicador de Intenção de Investimentos da Fundação Getulio Vargas (FGV) recuou no segundo trimestre para o menor nível da série iniciada em 2012, sob influência da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, informou a fundação nesta quinta-feira (9). O indicador mede a disseminação do ímpeto de investimento entre as empresas, colaborando para antecipar tendências econômicas. Houve queda nos quatro setores pesquisados em relação ao primeiro trimestre e, à exceção da construção, os níveis alcançados foram os mais baixos da história.

Já o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), também divulgado hoje, acelerou em seis das sete capitais analisadas entre o fechamento de junho e a primeira quadrissemana de julho

Bolsas americanas

As bolsas de Nova York fecharam sem sinal único, mas na maioria em baixa. O avanço do novo coronavírus, que continua a ocorrer nos Estados Unidos, provocou certa cautela, porém o índice Nasdaq continuou a ser apoiado pelas altas de grandes companhias do setor de tecnologia, renovando máxima histórica de fechamento.

O Dow Jones recuou 1,39%, a 25.706,09 pontos, o S&P 500 cedeu 0,56%, a 3.152,05 pontos, e o Nasdaq avançou 0,53%, a 10.547,75 pontos.

Os EUA voltaram a bater recorde diário de novos casos da covid-19. Mesmo que o presidente Donald Trump continue a insistir na reabertura econômica e minimize o problema, destacando que a taxa de mortalidade para a doença caiu no país, os possíveis impactos na atividade dos novos casos seguem bastante presentes no radar.

Houve ainda piora das bolsas após a Suprema Corte decidir que Trump deve entregar dados tributários a um promotor em Nova York. Em ano eleitoral, a política está no radar dos investidores, parte dos quais mostra certa cautela com a possibilidade de que o oposicionista Joe Biden possa elevar impostos para empresas.

Entre as ações em foco, Boeing caiu 3,78%, pressionada pela abertura de uma investigação da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos EUA por supostas pressões da empresa sobre reguladores. O setor de tecnologia, porém, destoou do quadro em geral negativo e apoiou o Nasdaq, com Apple em alta de 0,36% e Microsoft, de 0,70%. Facebook subiu 0,38% e Alphabet, 1,00%, no setor de serviços de comunicação.

Na visão de analistas do banco britânico Natwest, é difícil prever neste momento a tendência do mercado acionário, “com os bancos centrais apoiando os ativos de risco globalmente e os balanços dos BCs continuando a se expandir enormemente”.

*Com Estadão Conteúdo

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