Finanças
Ibovespa tem 5ª alta consecutiva e fecha perto dos 94 mil pontos; dólar sobe
Banco Central Europeu eleva Injeção de recursos para 1,35 trilhão de euros e anima mercados
O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou em alta de 0,89%, aos 93.898 pontos nesta quinta-feira (4). Esta foi a quinta alta consecutiva da bolsa de valores, puxada pelo desempenho dos bancos e da Vale (VALE3), que respondem por 28,36% do índice.
O dólar começou o dia em queda, mas virou para alta com indicadores econômicos dos EUA e commodities. O dólar comercial fechou em alta de 0,89%, cotado a R$ 5,131. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,136.
Impactou nos mercados a notícia de que o Banco Central Europeu (BCE) elevou para 1,35 trilhão de euros o programa de compra de títulos na pandemia, o que superou as expectativas de economistas que esperavam uma injeção de até 500 bilhões de euros.
Segundo Christine Lagarde, presidente do BCE, a decisão do conselho foi unânime, em meio a uma melhora fraca da economia europeia, assim como do mercado de trabalho.
Os indicadores americanos, como os pedidos de auxílio-desemprego na semana até 30 de maio, foram superiores aos esperados, com 1,887 milhão de solicitações do benefício, acima da expectativa de 1,84 milhão. O desempenho ruim auxiliou na alta do dólar.
Outro fator de impacto foi a balança comercial dos EUA em abril, que teve superávit de US$ 49,41 bilhões, pouco aquém da previsão de analistas, que era de US$ 50 bilhões.
Entre as ações mais negociadas do dia subiram: a Vale (VALE3), que teve alta de 3,73%. A ação ganhou força após analistas do mercado apontarem possível queda do minério de ferro, com ganhos revertidos pelo aumento de embarques do 2º semestre.
Avançaram com força também os bancos Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4), que subiram 1,44% e 2,89%, respectivamente. Os papéis da Via Varejo (VVAR3), também tiveram alta de 3,49%.
Ainda entre as mais negociadas a Petrobras (PETR4), recuou 0,19%. A companhia anunciou que vai reajustar o preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), com preço médio de R$ 24,08 para um botijão de 13 quilos. O petróleo também recuava no mercado externo.
Destaques da Bolsa
Entre os destaques positivos do dia subiram: Minerva (BEEF3), Suzano (SUZB3) e Embraer (EMBR3), que avançaram 7,31%, 4,51% e 4,81%, respectivamente.
O dólar recuperando o ritmo de alta favoreceu a Minerva e Suzano, que possuem receita de exportação.
Entre os destaques negativos recuaram: a EcoRodovias (ECOR3), com queda de 4,23% e a Cielo (CIEL3), que caiu 3,52%. Recuou ainda a Localiza (RENT3), com baixa de 3,41%.
A EcoRodovias apresentou um novo balanço com atualização do impacto da pandemia nas suas operações. Com a quarentena, a circulação de veículos caiu 21,2%, no intervalo de 16 de março até 2 de junho.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam sem sinal único, com o Dow Jones ganhando fôlego na reta final dos negócios. O quadro majoritário, porém, foi negativo, em meio a declarações cautelosas da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, das dúvidas sobre a pandemia de coronavírus e as tensões entre Estados Unidos e China e protestos em cidades americanas, embora continue a existir certo otimismo entre investidores com o ritmo da retomada econômica.
O índice Dow Jones fechou em alta de 0,05%, em 26.281,82 pontos, o Nasdaq recuou 0,69%, a 9.615,81 pontos, e o S&P 500 caiu 0,34%, a 3.112,35 pontos.
Entre ações em foco, Boeing subiu 6,43%, após a Air Transport Services, empresa de leasing, informar sobre um acordo para arrendar 12 aeronaves de carga da Boeing para a Amazon. Bancos também se saíram bem, como Citigroup (+4,33%), Goldman Sachs (+2,02%) e Bank of America (+3,76%). Já Apple caiu 0,86%, Alphabet recuou 1,73%, Amazon cedeu 0,72%, Facebook caiu 1,68% e Microsoft, 1,32%.
Dólar
Após cair 5,5% em dois dias, o dólar teve um dia volátil hoje, mas terminou a quinta-feira, 4, em alta de 0,81%, cotado em R$ 5,1311. A moeda americana operou com queda forte ante divisas principais, sobretudo o euro, por conta de estímulos adicionais do Banco Central Europeu (BCE), mas subiu ante pares do real, como os pesos do México, Colômbia e Chile. O movimento tanto no exterior como no mercado doméstico foi de realização de ganhos, de acordo com profissionais das mesas de câmbio. O dólar futuro para julho subia 1,07% às 17h50, a R$ 5,1260.
Também contribuiu para pressionar o câmbio a visão de economistas e nas mesas de juros que o Banco Central pode cortar a taxa básica, a Selic, para além da reunião de junho. Hoje o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, ex-diretor do Banco Central, avaliou em live organizada pela Febraban que a taxa básica, a Selic, pode cair abaixo dos 2,25%, caso o risco-país e as projeções de inflação continuem caindo. Sobre o câmbio, Mesquita avalia que é possível que o dólar fique mais comportado no segundo semestre, por conta da busca por retornos passada a fase mais grave da pandemia de coronavírus.
O economista-chefe em Nova York do banco Natixis para a América Latina, Benito Berber, comenta que foi a melhora de fatores no mercado externo que contribuiu para o rali do real nos últimos dias. Ele calcula que, não fosse a forte piora do risco político no mês passado, o dólar teria sido negociado mais perto de R$ 5,00 do que de R$ 6,00 em maio.
*Com Estadão Conteúdo