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Com lucros das Big Techs minguando, investidores buscam novas apostas

Montagem Big Five: Microsoft, Apple, NVidia, Google, Amazon

Crédito: Montagem sobre Adobe Stock Photo

O motor de crescimento do mercado de ações está operando com fumaça. Por anos, os investidores contaram com as maiores empresas de tecnologia para impulsionar os índices de ações, baseados em seus fortes ganhos e expectativas de ainda mais lucros no futuro, mais recentemente impulsionados pelo desenvolvimento de serviços de inteligência artificial.

Os dias em que as “megacaps” (com um valor de mercado astronômico) atraíam investidores de olhos fechados parecem ter chegado ao fim, pelo menos por enquanto. E isso está forçando o mercado a pensar em outras formas de aproveitar a mais recente alta das ações, que entra em seu terceiro ano.

O problema são os lucros. As sete gigantes da tecnologia — Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla — devem ter aumento combinado nos lucros de 18% em 2025, abaixo da projeção de 34% para 2024, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence.

Sem a Nvidia (possivelmente o maior beneficiário da “mania de IA” de Wall Street), o restante do grupo deve ter aumento de lucro de apenas 3% no ano que vem.

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Perda de liderança

Um aumento de lucro de 18% é uma boa notícia para praticamente qualquer setor — exceto as Big Tech. Se a estimativa se concretizar, esse grupo de empresas de alto voo ficará atrás do setor de saúde em termos de crescimento anual de lucros. E só um pouco acima dos grupos de materiais e industriais.

Enquanto isso, o crescimento dos lucros do índice S&P 500 está projetado para atingir 13% em 2025, acima dos 10% deste ano. Em outras palavras, os gigantes da tecnologia não estão mais ditando o ritmo para as empresas americanas.

“As Sete Magníficas não serão necessariamente o mesmo motor de crescimento para o mercado que foram no último ano ou mais”, disse Julian McManus, gerente de portfólio na Janus Henderson.

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Desembarcando da tecnologia

Os investidores já estão percebendo isso. Na semana que terminou em 4 de dezembro, o grupo de tecnologia da informação teve o maior fluxo de saídas em seis semanas, de US$ 1,4 bilhão, de acordo com uma nota do Bank of America divulgada nesta sexta-feira (6), citando dados da EPFR Global.

Ações de pequena capitalização, que têm ficado atrás do mercado mais amplo neste ano, tiveram aportes de US$ 4,6 bilhões, colocando-as em um recorde anualizado de mais de US$ 30 bilhões.

McManus disse que está atento para surpresas positivas no crescimento do fluxo de caixa livre e vê alternativas às Big Techs ao redor do mundo, não apenas nos EUA. Ele gosta de produtores de energia, que estão se beneficiando dos sedentos centros de dados e são uma jogada popular, e vê oportunidades em biotecnologia, bem como em empresas de software de design de chips, como a Cadence Design Systems.

Uma grande parte da busca por alternativas às sete gigantes é puramente sobre os preços de suas ações. Apenas nesta semana, essas empresas foram negociadas a 41 vezes os lucros projetados, o múltiplo de avaliação mais alto desde o início de 2022, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Todo o S&P 500 também viu um aumento, com sua relação de 23 vezes a mais alta desde 2021. Mas ainda é quase metade do preço das avaliações dos gigantes da tecnologia.

Hoje em dia é arriscado se concentrar apenas dessas megaempresas, alerta disse Phil Blancato, CEO da Ladenburg Thalmann Asset Management. “Prefiro comprar o resto do S&P 500 a 18 vezes (lucros futuros) versus todo o S&P 500 a 23 ou 24 vezes.”

Ele não está sozinho em sua desconfiança. Profissionais de Wall Street, como Michael Wilson, estrategista-chefe de ações dos EUA no Morgan Stanley, e Brian Belski, estrategista-chefe de investimentos na BMO Capital Markets, também veem o rali das ações continuando a se expandir para setores além das Big Techs, uma tendência que começou na segunda metade do ano.

“Euforia em torno das megacaps de tecnologia é evidente nas expectativas de crescimento para as Sete Magníficos se aproximando de máximos históricos, justamente quando seus lucros estão programados para desacelerar”, escreveram os estrategistas do Bank of America, liderados por Savita Subramanian, em uma nota aos clientes esta semana.

Com o grupo representando cerca de um terço do peso do S&P 500, vemos “mais oportunidades na ação média do que no índice”, explicam eles.

O CEO da NVIDIA, Jensen Huang, exibe produtos no palco durante a Conferência Anual de Inteligência Artificial Nvidia GTC no SAP Center em San Jose, Califórnia, em 18 de março de 2024. Justin Sullivan/Getty Images

A ‘única’ magnífica

No entanto, isso não significa que todas as ações dos Sete Magníficos são iguais. Porque há uma empresa que se destaca: a Nvidia.

A demanda incessante por seus chips usados em computação AI enviou os lucros às alturas. A Nvidia deve entregar US$ 71 bilhões em lucros sobre uma receita de US$ 129 bilhões no próximo ano, um aumento de 49% e 52%, respectivamente, de acordo com a média das estimativas dos analistas compiladas pela Bloomberg. Isso explica por que a ação tem a sétima melhor performance no índice Russell 1000 este ano, com um ganho de 193% — e a única empresa das Sete Magníficas entre as 50 melhores.

Muito do sucesso da Nvidia está sendo impulsionado pelos gastos de seus pares “megacaps”. A Microsoft, Alphabet, Amazon e Meta Platforms estão projetadas para mostrar mais de US$ 200 bilhões em gastos de capital combinados em 2024, para aumentar a capacidade de computação. E eles prometeram gastar significativamente mais no próximo ano. Isso é ótimo para a Nvidia, mas os investidores estão questionando quando esses investimentos vão render frutos para os demais.

“Não ficaria surpreso se as Sete Magníficos se quebrassem, porque a gravidade vai pegar”, disse McManus, da Janus Henderson.

Não subestimar as Big Techs

Claro, Wall Street subestimou a força das Big Techs no passado. No início de 2024, os analistas estavam projetando um crescimento de lucros de 19% para elas, e o grupo está agora no caminho certo para um aumento de 34%.

Apesar dos números, as gigantes da tecnologia ainda mantêm seu apelo com os investidores, especialmente se a economia se deteriorar. Scott Chronert, estrategista de ações dos EUA no Citigroup, compara o grupo a um setor defensivo, como os bens de consumo, cujos produtos as pessoas precisam independentemente das circunstâncias econômicas. A questão é que as “megacaps” permanecem uma aposta segura em tempos incertos — como agora.

“Se você vendesse a grande tecnologia, para onde iria?” disse Andrew Choi, gerente de portfólio na Parnassus Investments. “Você realmente quer apostar em ações sensíveis à taxa de juros, onde você precisa que as taxas sigam uma direção certa? Você quer perseguir lugares que têm ido bem? A grande tecnologia segue sendo a melhor, mais fácil resposta para o que você quer, independentemente das condições do mercado.”

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