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Invista – e não deixe que o dólar alto atrapalhe seus planos de viajar para o exterior

A paisagem do entardecer na Ponte Golden Gate destaca-se com céu em tons de azul e laranja, mar sereno, praia com rochas e vegetação dourada ao fundo.

Vista da Baker Beach com a ponte Golden Gate ao fundo; São Francisco (EUA). Foto: AdobeStock

A disparada do dólar nos últimos meses deixou muita gente que pretendia viajar ao exterior de cabelo em pé. Não é para menos. A volatilidade do câmbio – o sobe e desce da cotação – é o principal fator de preocupação quando se planeja as férias fora do país.

A moeda americana, por exemplo, começou 2024 cotada a R$ 4,89. Em dezembro, fechou em R$ 6,18 – uma variação de 26,4%. Ou seja, se considerarmos apenas o câmbio, sem colocar na conta a inflação, viajar aos Estados Unidos ficou quase 27% mais caro nos últimos 12 meses.

Em um período cercado de incertezas, como promete ser 2025, criar uma estratégia de investimentos é a melhor maneira de garantir as ansiadas férias fora do país. E, nesse caso, o tempo é um aliado importante.

Quanto antes você começar a planejar e a investir, melhor. Para embarcar no fim do ano rumo a destinos como EUA, Caribe ou Europa, melhor iniciar desde já. Desse modo, quando chegar a hora, terá todos os custos já cobertos – e em dólar ou euro.

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Lembre-se ainda que é muito melhor aplicar o dinheiro e receber juros do que fazer dívida e pagar juros ainda maiores. Enquanto um empréstimo vai dobrar ou triplicar o custo da viagem, aportes regulares em uma carteira de investimentos vão permitir que você economize, ao menos, um mês em seu esforço de poupar o valor necessário ao longo de um ano. Essa é a magia dos juros compostos. Quase como se fosse uma promoção poupe 11 e leve 12 meses.

Quanto tempo o tempo tem?

Quem planeja ir para a Disney, nos EUA, vai ter de desembolsar algo entre R$ 12 mil e R$ 15 mil por pessoa para uma viagem de uma semana. Uma pesquisa nas agências online mostra que, se a viagem for em família, os pacotes de uma semana para a região dos parques temáticos americanos têm preços entre R$ 35 mil e R$ 45 mil para embarques nos primeiros meses de 2025 (um casal e um filho adolescente).

Em uma conta de padaria, isso significa que a família teria de separar um valor entre R$ 2,9 mil e R$ 3,6 mil por mês de janeiro a dezembro para alcançar o preço do pacote. O problema é que isso não resolve a questão da volatilidade – imagine chegar ao fim do ano e descobrir que vai ter de acrescentar mais 27% ao orçamento devido à variação do dólar, como ocorreu no ano passado?

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Câmbio médio resolve

Um conceito básico para quem vai viajar para fora do país é converter regularmente reais em dólares ou em outra moeda forte, dependendo de para onde irá. Desse modo, você faz um câmbio médio, ou seja, terá tido um custo no meio termo entre os maiores e os menores valores da divisa estrangeira adquirida no fim do prazo.

Porém, existe uma maneira melhor de guardar recursos em dólar do que apenas comprar a moeda americana em uma casa de câmbio ou banco. A economista e especialista em investimentos internacionais da Warren, Isabella Bessa, explica que uma estratégia mais eficiente é investir regularmente em um produto de renda fixa conservador e de alta liquidez nos EUA. Traduzindo: uma aplicação segura, com rendimentos diários e que você poderá sacar os recursos quando quiser.

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Os Estados Unidos têm um produto equivalente ao nosso fundo DI. O produto brasileiro tem como características ser uma aplicação segura, com liquidez diária e retorno próximo ao do CDI, que é nossa taxa de remuneração mais conservadora.

Lá no mercado americano essa função é do chamado money market, que poderia ser traduzido, literalmente, como “mercado de dinheiro” ou “mercado monetário”. O nome diz tudo: aplicações no money market são considerados como equivalente a dinheiro em caixa na contabilidade de empresas, instituições e investidores institucionais. Isso devido à segurança e altíssima liquidez.

A remuneração desses produtos segue de perto as taxas de curto prazo definidas pelo banco central americano, o Federal Reserve. Em dezembro, estavam em torno de 4,85% ao ano em dólar. As plataformas de investimentos digitais permitem aos brasileiros acessar fundos de money markete e outras opções nos EUA.

O investimento mínimo fica em torno de US$ 1 mil no caso do money market. Mas os aplicativos costumam oferecer diversas outras opções de renda fixa conservadora, ETFs e títulos do governo americano, com aplicação inicial bem menor, em torno de US$ 100.

No exemplo da Disney, a família poderia fazer um o investimento de US$ 1 mil a cada dois meses (cerca de R$ 6.100) para ter o dinheiro necessário para pagar o pacote à vista no fim do ano.

Investimento em dólar faz diferença

Quem tivesse aplicado regularmente desde o início de 2024 em um fundo money market teria não apenas se protegido da volatilidade, como também ganhado uma remuneração de cerca de 5% em dólar. É claro que neste ano o quadro cambial pode ser completamente diferente. Mas, como ninguém sabe como a moeda vai se comportar, o melhor mesmo é se garantir.

Vamos tomar como base um aporte de R$ 3,6 mil mensais para a viagem à Disney. Se esse investimento em dólares tivesse sido feito em 2024, teria se tornado pouco mais de US$ 8 mil ou R$ 49,6 mil no fim do ano. Isso considerando que o investidor conseguiu um câmbio médio de R$ 5,50 ao longo do período. Em dezembro, os recursos obtidos representariam cerca de mil dólares a mais do que o necessário para a viagem.

Também significa que, em 11 meses, você já teria o suficiente para a viagem – invista 11 e ganhe 12. Os aportes mensais entre janeiro e novembro teriam acumulado na carteira US$ 7,4 mil. Na cotação atual do dólar, seriam R$ 45,6 mil.

Importante: a simulação não considera o pagamento de IR. Brasileiros que investem no money market têm de pagar imposto de renda sobre o ganho de capital no momento de resgate aqui no país. A Receita cobra 15% sobre a rentabilidade.

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Juro alto nos EUA ajuda

Além do money market, há outros produtos com características adequadas para guardar dinheiro em um horizonte de tempo relativamente curto como no caso das viagens. Bessa, da Warren, lembra que aplicações vistas como mais arriscadas, como ações ou criptomoedas, não funcionam nesse caso. “É que você tem de considerar que vai precisar de todo o dinheiro disponível dentro do prazo desejado. Isso significa que não tem tempo para arriscar nada.”

A especialista cita, como opções, ETFs de renda fixa em dólar e até títulos do Tesouro americano de curto prazo, as T-bills. São papéis com vencimentos de 3 meses, 6 meses e um ano. Em dezembro, os “yields”, ou seja, a remuneração das T-bills alcançavam entre 4,22% e 4,32% ao ano.

No caso dos títulos do Tesouro vale a ressalva de que os recursos aplicados não podem ser mexidos até o vencimento dos papéis. Isso porque as plataformas digitais permitem revender a aplicação, mas, nesse caso, o preço vai ser dado pelas condições de mercado no momento da venda. Isso pode significar negociar com prejuízo caso estejam desfavoráveis. Se você mantiver o dinheiro até o fim do prazo, vai receber exatamente o que contratou.

A estrategista-chefe de investimento global do Inter, Gabriela Joubert, lembra que a sinalização do BC americano indica que os juros nos EUA vão se manter em um patamar ainda atrativo em 2025. “Será possível garantir rentabilidade de 4,5% ou 5% para daqui a um ano ou mesmo o equivalente a 3,5% a 4% ao ano para prazos como três e seis meses.”

Isso significa que um investimento de US$ 10 mil teria ao fim de um ano um ganho nominal de US$ 450 – convertendo em reais, seria o equivalente a quase R$ 2,8 mil, que dá para comprar um iPad 10 lá fora ou usar para algum outro mimo.

A aplicação em títulos do Tesouro americano também paga IR aqui no Brasil sobre o ganho de capital. Segue a mesma fórmula dos fundos money market.

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A era das contas globais

Outras aliadas importantes dos viajantes se tornaram populares e acessíveis apenas nos últimos dois anos. São as contas globais. Aplicativos de várias instituições financeiras e bancos digitais já oferecem a abertura de contas em dólar, euro e outras moedas.

Por meio das contas globais, o usuário pode fazer o câmbio a qualquer momento, em qualquer lugar onde esteja. A alíquota do imposto sobre operações financeiras (IOF) também é mais vantajosa do que a que incide nos pagamentos com cartão de crédito no exterior. Em cada conversão de reais em moeda estrangeira, há incidência de uma alíquota de 1,1%, a mesma das aquisições de dinheiro em espécie nas casas de câmbio.

As compras internacionais feitas com cartão de crédito geram um IOF de 3,38% a cada transação feita. Já os cartões de débito associados às contas globais só pagam o IOF da conversão do real, uma vez que a operação é feita diretamente na moeda estrangeira.

As instituições que oferecem as facilidades, porém, podem cobrar taxas operacionais em torno de 2% dos valores convertidos (spread). O cartão de débito internacional também permite fazer saques em caixas eletrônicos na moeda do país onde você estiver. Mas, nesse caso, os bancos costumam cobrar uma taxa por retirada, de cerca de US$ 5.

A maioria dessas plataformas também oferece ao cliente a possibilidade de abrir contas globais de investimentos que tornam o processo de aplicação e resgate muito simples.

O usuário pode fazer o câmbio diretamente na conta global de investimentos. Nesse caso, como se trata de recursos para investir, paga um IOF menor, de 0,38%, nessa operação quando comparado a conversão tradicional, que tem alíquota de 1,1%.

O resgate das aplicações é feito em dólares e pode ser transferido para a conta global tradicional da própria instituição a qualquer momento, sem necessidade de converter para reais e, portanto, sem precisar pagar um novo spread. Essa transferência, em geral, não tem cobrança.

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