Finanças
Morning Call: tom duro de dirigentes do Fed derruba bolsas
Enquanto o mercado vem sofrendo com as expectativas de juros máximos em até 5% nos EUA, dirigentes do Fed vieram a público expressar a opinião de que a taxa de juros precisaria ficar acima do nível dos 5%, desanimando investidores.
Os mercados globais na quarta-feira (18) sofreram com uma mudança de direção causando a queda de mais de 1,20% nos 3 principais índices norte-americanos após a divulgação de dados econômicos e os discursos de autoridades de política monetária dos EUA. No país, as vendas no varejo, a produção industrial e o Índice de Preços ao Produtor caíram mais do que o esperado para o mês de dezembro e as falas da presidente do Fed de Dallas de que o não acredita que o BC deve cravar um pico nos juros assim como as declarações dos presidentes do Fed de Cleveland e St. Louis dando peso à necessidade de subir juros acima de 5% no país preocupam os investidores.
- Ásia: com a virada das bolsas dos EUA, os mercados asiáticos sofrem a influência nesta quinta-feira (19) e apresentam um desempenho misto com altas de 0,49% em Shanghai, 0,04% no Taiex e 0,51% no Kospi enquanto as quedas foram de 0,12% no Hang Seng e 1,44% no Nikkei refletindo a decisão do BC japonês de manutenção de juros em um ambiente de inflação em alta.
- Europa: os investidores europeus se alinham com o mau-humor norte-americano e registram quedas em todas maiores bolsas do continente com reação à fala da presidente do BC Europeu, Christine Lagarde, de que o banco central irá continuar o curso até que os juros estejam em território restritivo pelo tempo necessário para trazer a inflação até a meta de 2%. No começo do dia, as quedas eram de 1,22% no DAX, 0,75% no FTSE, 1,23% no CAC, 1,44% no IBEX e 1,26% do índice Euro Stoxx.
- Pré-mercados nos EUA: os recuos dos índices se estendem nesta quinta-feira (19) nas negociações dos contratos futuros de índice com quedas de 0,52% no Dow Jones, 0,56% do Nasdaq e 0,51% do S&P 500 enquanto os investidores ficam cautelosos e acompanham a divulgação hoje de dados econômicos como as licenças e construção de novas casas de dezembro, os pedidos iniciais por seguro-desemprego na semana anterior e o índice de atividade industrial do Fed de Filadélfia referente a janeiro além do discurso de John Williams, membro do FOMC e os números do balanço do 4T22 de empresas como Netflix e Procter&Gamble.
- Commodities: a maior parte das commodities operam em queda no começo do dia refletindo receios com a demanda global. Entre as maiores quedas estão o petróleo WTI e Brent com recuo de 1,19% e 0,95% respectivamente e o cobre com queda de 1,41%. Entre as altas estão o café e o gás natural subindo 1,19% e 0,97% respectivamente.
Ibovespa continua a se descolar de bolsas e sobe 0,71%
Assim como tem sido observado nos últimos dias, o Ibovespa tem repercutido muito mais notícias internas do que reagindo ao humor externo dos investidores globais. Ontem (18), mesmo com quedas nas principais bolsas internacionais, o índice conseguiu encerrar o dia com alta de 0,71% aos 112.228 pontos.
E apesar das sinalizações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em se preocupar em reduzir o déficit fiscal em 2023, os investidores acompanham a evolução das conversas sobre o reajuste do salário mínimo e os possíveis impactos que ele poderá causar sobre as contas do governo como na Previdência Social.
E na agenda de indicadores do Brasil, a taxa de desemprego em novembro medida pela Pnad Contínua deve ser divulgada hoje pelo IBGE. De acordo com projeções da Refinitiv, a projeção de mercado é de uma redução dos 8,3% de outubro para 8,1% em novembro de 2022.
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