Finanças
Pimco e Schroders já se posicionam para ano sem cortes do Fed
O juro de 10 anos nos EUA ultrapassaram 4,5% pela primeira vez desde novembro na quarta-feira, após os dados de inflação americana mais fortes do que o esperado
Por Ruth Carson e Masaki Kondo
Gigantes de investimento globais já se preparam para um cenário cada vez mais plausível de que o banco central dos EUA não corte juros este ano e a taxa sobre os Treasuries americanos de 10 anos ultrapasse 5%.
A britânica Schroders está assumindo posições vendidas em títulos do Tesouro americano — uma aposta na alta dos yields — diante de uma inflação persistente que eleva o risco de juros altos por mais tempo. A Pimco espera que o Fed flexibilize a política monetária em um ritmo mais gradual do que os outros países desenvolvidos, com uma chance “não negligenciável” de que não haja corte algum este ano.
Os yields de 10 anos ultrapassarem 4,5% pela primeira vez desde novembro na quarta-feira, após os dados de inflação americana mais fortes do que o esperado. É uma guinada brusca em um mercado que, não faz tanto tempo, precificava até seis cortes de 0,25 ponto percentual este ano a partir de março.
“Não creio que 5% ou mais esteja fora de questão” para a taxa de 10 anos, disse Kellie Wood, vice-chefe de renda fixa da Schroders, em Sydney. A gestora também se posiciona para a “chance de que o Fed não faça corte algum este ano”, com posições vendidas em Treasuries de dois, cinco e 10 anos.
Ben Emons, gestor sênior da Newedge Wealth, em Connecticut, acha que o yield de 10 anos pode chegar a 5,3% e também vê a possibilidade de um ano sem cortes do Fed. “É uma opção que está na mesa”, disse.
A Abrdn, está reduzindo sua exposição a Treasuries de 10 anos e mais longos, enquanto avalia um “cenário de crescimento mais robusto”, disse Ray Sharma-Ong, chefe de estratégias multiativos para o Sudeste Asiático da casa.
Os dados fortes nos EUA podem cristalizar as apostas em uma inflação persistente, disse Kiyoshi Ishigane, gestor-chefe de fundos da gigante Mitsubishi UFJ Asset Management, em Tóquio.
“Ainda há uma tendência de alta dos yields”, disse Ishigane, apesar de estar comprado em Treasuries, o que significa que seu fundo ganha se as taxas caírem e o valor dos títulos subirem. “Vejo uma probabilidade de 75% de que o Fed comece a cortar juros em setembro e uma probabilidade de 25% de não haver cortes neste ano.”
Veja também
- Com a explosão dos juros, títulos IPCA+ tombam até 31% no ano
- O que Trump e Lula têm em comum: a queda de braço com o Banco Central
- Bancos brasileiros batem gringos e solidificam liderança no mercado de crédito privado local
- Banco Central confirma expectativa e sobe Selic para 11,25% ao ano
- Promessas de Trump devem levar Fed a fazer cortes de juros mais brandos