O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira um pouco antes de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmar a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. O principal índice da bolsa, porém, reagiu às ameaças feitas mais cedo pelo mandatário americano de que iria elevar as taxações sobre produtos vindos do país.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro recuou 1,31%, a 137.480,79 pontos. Foi a terceira queda seguida do Ibovespa, um ajuste que vem após o referencial renovar máximas históricas no último dia 4, quando fechou acima dos 141 mil pontos pela primeira vez.
O volume financeiro no pregão desta quarta-feira somou R$ 22,2 bilhões, em sessão com feriado no Estado de São Paulo, embora a B3 tenha funcionado normalmente.
O dólar à vista subiu ante o real nesta quarta-feira, ultrapassando os R$ 5,50, conforme os investidores mostraram aversão à moeda brasileira diante das ameaças tarifárias. O dólar à vista fechou com alta de 1,05%, a R$ 5,50359.
De acordo com o analista Arthur Barbosa, da Aware Investments, a bolsa brasileira refletiu incertezas externas decorrentes do anúncio de novas tarifas comerciais por Trump.
Ele explicou que as tarifas têm potencial para pressionar os preços nos EUA, reduzindo as chances de cortes adicionais nas taxas de juros ainda este ano pelo Federal Reserve, o que pode afetar os fluxos de recursos para mercados emergentes.
A repórteres em um evento com líderes da África Ocidental na Casa Branca, Trump afirmou que o Brasil “não tem sido bom” para os EUA.
A ata da última reunião de política monetária do banco central norte-americano também ocupou as atenções. E, na visão de Barbosa, da Aware, reforçou a postura cautelosa do Fed.
O documento mostrou que “alguns” membros do Fed achavam que a taxa de juros poderia cair já neste mês, mas que a maioria continua preocupada, até certo ponto, com a pressão inflacionária oriunda das tarifas .
Em Nova York, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em alta de 0,61%.
A correção na B3 também tem como pano de fundo eventos domésticos, em particular o clima menos amistoso entre governo e Congresso Nacional, com o Executivo insistindo no aumento de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O analista da Aware também destacou comentário do presidente do BC brasileiro, Gabriel Galípolo, de que a instituição seguirá mantendo a política monetária restritiva pelo tempo necessário para assegurar a convergência da inflação à meta.
Galípolo reafirmou que todos os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) estão “bastante incomodados” com a desancoragem das expectativas de mercado para a inflação e enfatizou que o BC persegue o centro da meta de inflação, de 3%.