Finanças
Taxas futuras de juros caem em meio a otimismo do arcabouço fiscal no Congresso
Durante a tarde, a virada dos rendimentos dos Treasuries para o negativo reforçou o viés de baixa para as taxas no Brasil.
O otimismo em torno do andamento do novo arcabouço fiscal no Congresso motivou a queda das taxas dos contratos futuros de juros nesta terça-feira (23), em um dia em que os rendimentos dos Treasuries sustentaram altas durante boa parte do dia, mas migraram para o negativo à tarde.
No início da sessão, as taxas domésticas chegaram a oscilar em leve alta, em sintonia com o avanço dos rendimentos dos Treasuries naquele momento, em meio às preocupações em torno da dívida dos EUA.
Na noite de segunda-feira, o presidente norte-americano, Joe Biden, e o presidente da Câmara dos Deputados, Kevin McCarthy, encerraram as discussões novamente sem acordo sobre o aumento do teto da dívida do governo.
Ainda pela manhã, no entanto, as taxas futuras no Brasil migraram para o negativo, em meio a leituras positivas sobre o andamento do arcabouço fiscal.
“Há um pouco de otimismo com a votação do novo arcabouço fiscal. A expectativa é de que ele seja aprovado por uma margem ampla, sem grandes surpresas”, pontuou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
Pela manhã, o relator da proposta na Câmara, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), disse esperar que o descontentamento de parlamentares com a articulação política do governo não contamine a tramitação da proposta.
Ele também reiterou que fará mudanças de redação em seu parecer para tornar mais claros alguns pontos do texto, mas negou que haverá qualquer alteração que afrouxe o marco fiscal.
A expectativa é de que o arcabouço seja votado nesta semana.
“A questão do arcabouço está caminhando para um cenário mais tangível, com melhoras de expectativas em torno dos gastos públicos. Isso abre espaço para o mercado olhar um início do corte de juros”, comentou Stefany Oliveira, chefe de análise de trading da Toro.
Durante a tarde, a virada dos rendimentos dos Treasuries para o negativo reforçou o viés de baixa para as taxas no Brasil.
No fim da tarde, a taxa do Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2024 estava em 13,295%, ante 13,315% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,68%, ante 11,74% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,155%, ante 11,27% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,195%, ante 11,334%.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava 9% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de junho e 91% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.
Nos EUA, as taxas dos Treasuries seguiam em baixa no fim da tarde.
Às 16:36 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 1,00 ponto-base, a 3,7091%.
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