Finanças
Taxas futuras de juros longas caem, à espera de parecer sobre arcabouço
Noticiário em torno do arcabouço, além de ampliar a baixa das taxas na ponta longa, conduziu as taxas curtas para perto da estabilidade.
As taxas dos contratos futuros de juros recuaram nesta segunda-feira do (15), em especial na ponta longa, em meio à expectativa dos investidores em torno da divulgação do parecer sobre o novo arcabouço fiscal e ao avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior.
Nos Estados Unidos, o índice Empire State de condições atuais de negócios do Federal Reserve de Nova York atingiu -31,8 em maio, ante +10,8 em abril.
Mais cedo, a agência de estatísticas da União Europeia informou que a produção industrial na zona do euro caiu 4,1% em março em relação ao mês anterior, com uma queda de 1,4% na comparação anual. Economistas consultados pela Reuters esperavam uma queda mensal de 2,5% e um ganho de 0,9% na comparação anual, e o dado reforçou o pessimismo com a atividade global.
De acordo com Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, os dados dos EUA trouxeram certa preocupação com a economia norte-americana.
“A queda (do Empire State) foi bem mais pronunciada que o esperado, o que alimenta a preocupação com a recessão nos EUA e acaba reduzindo o prêmio da parte longa da curva a termo brasileira”, disse.
O viés de baixa na ponta longa foi ampliado no fim da tarde, já perto do fechamento, em função da expectativa de que o relator do arcabouço na Câmara, deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA), apresente o texto para líderes da Casa na noite desta segunda-feira e, caso haja consenso, ele possa ser divulgado à imprensa.
No início da tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia afirmado que os detalhes do arcabouço serão acertados em reuniões nesta segunda-feira.
“Esse vai ser um dia de muitas reuniões. Nós vamos ficar reunidos até o fim do dia para acertar os detalhes… Tudo indica que devemos concluir as negociações até o final da noite de hoje”, disse Haddad a jornalistas em Brasília.
O noticiário em torno do arcabouço, além de ampliar a baixa das taxas na ponta longa, conduziu as taxas curtas para perto da estabilidade. Mais cedo, as taxas curtas sustentavam leves ganhos.
No fim da tarde, a taxa do Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2024 estava em 13,3%, ante 13,293% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,67%, ante 11,718% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,12%, ante 11,243% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,155%, ante 11,297%.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava 18% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual no encontro de política monetária de junho e 82% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.
Pela manhã, o relatório de mercado Focus, divulgado pelo Banco Central, apontou relativa estabilidade nas projeções de inflação para os próximos anos. A mediana das estimativas para 2024 foi de 4,16% para 4,15%, enquanto a mediana para 2025 e 2026 ficou em 4,00%.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta neste fim de tarde, com os investidores reagindo aos dados econômicos, mas também à expectativa em torno da negociação sobre o teto da dívida dos EUA.
Às 16:46 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dois anos –que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo– caía 0,40 ponto-base, a 3,9999
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