Finanças
Taxas futuras de juros longas sobem no Brasil após declarações do Fed
No exterior, as taxas dos Treasuries seguiam em alta nesta tarde.
As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a segunda-feira (22) em alta na ponta longa da curva a termo e ficaram próximas da estabilidade na curta, com investidores reagindo a declarações de um dirigente do Federal Reserve (Fed) sobre juros e ao impasse sobre o limite da dívida dos EUA, enquanto o relatório Focus amenizou o movimento no Brasil.
No fim de semana, o presidente dos EUA, Joe Biden, classificou como “inaceitáveis” as últimas ofertas dos republicanos para elevar o teto da dívida do governo, mas disse que está disposto a cortar gastos e a realizar ajustes fiscais de modo a alcançar um consenso.
As declarações de Biden elevaram as preocupações com o impasse entre governo e republicanos, que tentam um acordo para elevar o teto da dívida até 1º de junho e evitar um default.
Nesta segunda-feira, por sua vez, o presidente do Fed de Saint Louis, James Bullard, afirmou que o banco central norte-americano pode precisar elevar em meio ponto percentual sua taxa básica ainda este ano, por conta da inflação. Estes dois fatores –o limite da dívida e as declarações de Bullard– deram impulso aos rendimentos dos Treasuries e, em paralelo, às taxas dos contratos futuros de juros no Brasil.
“Há um movimento de certo ajuste com o impasse na dívida dos EUA e uma fala do Bullard, que vê dois aumentos de juros. Isso fez bastante preço no mercado de juros”, comentou o economista Rafael Pacheco, da Guide Investimentos.
Internamente, os comentários mais recentes do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mantiveram a percepção de que o início do ciclo de cortes da taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano, não se dará no curto prazo.
Em evento nesta segunda-feira, Campos Neto disse que tem observado uma desaceleração grande na inflação brasileira, mas que o núcleo dos preços ainda segue muito alto e as expectativas de elevação dos preços permanecem elevadas.
O viés de alta para as taxas futuras foi amenizado, no entanto, na ponta curta, que reagia aos dados mais recentes do relatório Focus. A mediana da inflação para 2023 projetada no Focus foi de 6,03% para 5,80%. No caso de 2024, passou de 4,15% para 4,13%.
“Nos curtos, as taxas estão bem estáveis, então há um efeito do Focus limitando esta abertura”, avaliou Pacheco.
No fim da tarde, a taxa do Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2024 estava em 13,315%, ante 13,303% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,745%, ante 11,7% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,28%, ante 11,229% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,345%, ante 11,322%.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava 5% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de junho e 95% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.
No exterior, as taxas dos Treasuries seguiam em alta nesta tarde. Às 16:40 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 2,90 pontos-base, a 3,7206%.
Veja também
- Sem surpresas, Fed corta juros em 0,25 p.p. e destaca e crescimento econômico sólido
- Banco Central confirma expectativa e sobe Selic para 11,25% ao ano
- Dólar a R$ 6,00 e pressão sobre os juros: o contágio do ‘Trump trade’ para o Brasil
- Endividamento do governo cria oportunidades na renda fixa; títulos privados já pagam IPCA+9%
- Empresas dos EUA voltam ao mercado de dívida após Fed cortar juros