Títulos do Tesouro têm alta nas taxas com repercussão de falas de Lula

As taxas dos títulos do governo (Tesouro Direto) operavam em alta na manhã desta quinta-feira (19) puxadas por falas do presidente Lula na véspera. O título Tesouro IPCA+ 2045 oferecia um retorno real de 6,48% ante 6,24% no dia anterior. Já o mesmo título, mas com vencimento em 2026, oferecia retorno real (já descontado a inflação do período) de 6,19% ante 5,94% na véspera.

Já na modalidade dos títulos prefixados, a maior alta era registrada pelo Tesouro Prefixado 2029, cuja taxa atual era de 13,09% ante 12,71% um dia antes.

O título mais longo com juros semestrais remunerava nesta quinta-feira uma taxa real de 6,41% ante 6,17% na quarta-feira (18).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teceu críticas sobre a meta de inflação e a estabilidade social aliada à fiscal, antes do presidente do BC, Roberto Campos, proferir palestra nos Estados Unidos. Ele também voltou a questionar a autonomia do Banco Central.

Segundo o analista de renda fixa da NuInvest, Eduardo Perez, criticar a independência do Banco Central é, no mínimo, “preocupante”.

“É muito importante essa imagem de um BC independente. Apesar de na teoria termos 2 anos de BC com independência pelo mandato, um presidente só precisaria revogar essa lei para poder passar a indicar alguém diretamente no banco”, afirma Perez.

O analista também pondera que, com a experiência que o mercado teve, especialmente no último mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, “essa ameaça à independência do BC preocupa ainda mais”.

A crítica por Lula ao sistema de metas de inflação atual para ter o aumento do PIB também foi apontada como não favorável.