Trump pede investigação sobre madeira, incluindo o Brasil, antes de possíveis tarifas

Apuração foca possíveis práticas de subsídios, elevando riscos de novas sobretaxas contra grandes exportadores

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Montagem em preto e branco com Donald Trumo em terno e gravata junto a elementos econômicos dos EUA, como moedas e nota de dólar.
Ilustração: João Brito

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está ordenando ao Departamento de Comércio que inicie uma investigação sobre o potencial prejuízo à segurança nacional causado pelas importações de madeira, preparando o terreno legal para as novas tarifas que ele prometeu.

A investigação vai analisar se exportadores como Canadá, Alemanha e Brasil estão “despejando” madeira nos mercados americanos em detrimento da “prosperidade econômica e da segurança nacional dos EUA”, segundo um alto funcionário do governo que falou com repórteres sob condição de anonimato.

As autoridades vão examinar o impacto de subsídios de governos estrangeiros, práticas comerciais predatórias e produtos derivados — em especial se países como a China estão reduzindo artificialmente o preço de itens como armários de cozinha. 

Trump já havia declarado anteriormente que está considerando a possibilidade de impor tarifas de 25% sobre madeira num futuro próximo, mas o funcionário afirmou que a investigação também pode resultar em mudanças regulatórias para facilitar a extração de madeira.

Paralelamente, Trump está assinando uma ordem executiva intitulada “Liberando Nossas Florestas” (“Freeing our Forests”), que se concentrará em simplificar o processo de licenciamento regulatório, permitindo maior extração de madeira de reflorestamento.

O funcionário se recusou a dizer quanto tempo a investigação deverá durar, mas indicou que o Departamento de Comércio agirá rapidamente. Ele também não esclareceu se eventuais tarifas decorrentes dessa investigação se somariam aos planos atuais de Trump de impor as chamadas “tarifas recíprocas” a outros países, ou se fariam parte de uma tarifa de 25% sobre Canadá e México, prevista para entrar em vigor na próxima semana.

A movimentação de Trump em relação à madeira atende a dois propósitos políticos. Há tempos o presidente culpa a manutenção florestal, em vez das mudanças climáticas, por uma série de incêndios na Califórnia, incluindo os mais recentes, que devastaram grandes áreas da região de Los Angeles.

Além disso, a madeira de coníferas é um motivo de discórdia de décadas nas relações comerciais entre Ottawa e Washington, pois a indústria americana acusa os produtores canadenses de vender madeira a preços abaixo do valor de mercado. Os EUA alegam que o Canadá subsidia seus madeireiros ao cobrar taxas muito baixas pela extração, e repetidamente impuseram tarifas sobre a madeira canadense ao longo dos anos.

No último verão, os EUA elevaram as taxas sobre a madeira canadense para 14,54%, um nível que já pressionou a produção local e levantou preocupações sobre a viabilidade futura de algumas serrarias na região norte do Canadá.

Ainda assim, uma tarifa de 25% — principalmente se aplicada além das taxas atuais — causaria danos econômicos em ambos os lados da fronteira. A produção de madeira nos EUA vem aumentando, mas o país ainda depende de importações para suprir a demanda. Segundo a National Association of Home Builders, a maior parte das importações americanas de madeira de coníferas vem do Canadá.

Em fevereiro, Trump também assinou uma ação executiva ordenando ao Departamento de Comércio que examinasse possíveis tarifas sobre o cobre. Autoridades do governo afirmam que isso é necessário para ajudar a revitalizar a produção doméstica de um metal crucial para as economias modernas. 

Elas argumentam que práticas de dumping e excesso de capacidade nos mercados mundiais vêm afetando a produção de cobre nos EUA, tornando sistemas de armas e outros produtos estratégicos dependentes de importações.

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