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Ação da Hapvida despenca 45%. Saiba o que está por trás da queda

Resultados do terceiro trimestre deflagraram uma série de revisões por parte de casas de análise

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Nem mesmo o lucro líquido de R$ 388 milhões no terceiro trimestre impediu as ações da Hapvida de despencarem no pregão desta quinta-feira. Os papéis caíam quase 45% por volta de 14h30. Os analistas, basicamente, tomaram um susto com os resultados do período, que amplificaram os temores sobre a sustentabilidade da estratégia de verticalização e crescimento do grupo, baseada em investimento bilionários em construções de hospitais próprios e aquisições.

Por volta das 14h30, a ação ordinária da Hapvida recuava 45,85%, cotada a R$ 17,70. Só hoje, a perda de valor de mercado alcança R$ 7,1 bilhões.

Os números trouxeram uma série de revisões para baixo de analistas. O BTG Pactual reduziu em 20% a estimativa de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 2026 e revisou o preço-alvo do grupo de saúde para R$ 50 para o próximo ano, de uma projeção anterior de R$ 67. Já o J.P.Morgan cortou o preço-alvo para R$ 39 ante R$ 52 e rebaixou a recomendação para neutra. O Goldman Sachs, por sua vez, ressaltou que o Ebitda ficou 27% abaixo do consenso do mercado.

Há a percepção entre as casas de análise que os custos fixos ficaram mais altos que o previsto após a abertura de unidades hospitalares e ambulatoriais. Ao longo dos últimos meses a Hapvida vem executando o maior investimento de sua história: R$ 2 bilhões até 2026 para erguer dez hospitais em sete capitais, além de clínicas, laboratórios e unidades de pronto atendimento próprias.

Além disso, existe um fator pontual: também houve uma maior frequência de utilização que se somou a vendas mais fracas entre junho e setembro.

O fator que sintetiza a piora dos números é o fluxo de caixa livre negativo. Houve uma queima de caixa de R$ 51 milhões. O número acendeu um sinal de alerta entre os analistas, porque funciona como um termômetro do impacto das aquisições feitas pela rede.

Outros números do período reforçam as preocupações. A operadora de saúde apresentou uma dívida líquida de R$ 4,250 bilhões no fim do terceiro trimestre, com alta de 3,7% em relação ao mesmo período de 2024.

Já a sinistralidade caixa alcançou 75,2%, aumento de 1,3 ponto percentual comparado ao segundo trimestre, acima do consenso do mercado que esperava alta de 0,8 ponto.

O Ebitda ajustado recorrente alcançou R$ 613 milhões, uma queda trimestral de 20%. O resultado ficou bem abaixo da média das projeções de analistas que colocavam a linha em R$ 778,5 milhões.

O BTG Pactual considerou os resultados como “muito fracos”. Na opinião da casa, os dados mostram haver riscos em relação à tese de crescimento do grupo. Há uma combinação de fatores desfavoráveis que pesam sobre as perspectivas da companhia, como índice de sinistralidade veio acima do esperado, fluxo de caixa livre e crescimento orgânico menores que o esperado, além de um aumento de despesas em geral.

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