Ação em foco: Por que a WEG está perdendo a onda positiva da bolsa em 2025

'Queridinha' da Bolsa, WEG enfrenta queda nas ações e balanço fraco, mas analistas ainda veem uma possível oportunidade de compra.

As ações da WEG (WEGE3) atravessam 2025 como um exemplo clássico de “empresa boa em ano difícil”. Na contramão da tendência geral da bolsa, as ações da companhia acumulam uma queda de 29,98% este ano. E o pano de fundo para essa fase negativa é o cenário global mais desafiador para o setor de bens de capital.

A WEG é uma das empresas queridinhas dos investidores por ser boa pagadora de dividendos e ter resultados bastante consistentes ao longo dos anos. Ela é, na prática, uma multinacional exportadora: a maior parte do faturamento vem de mercados externos, seja por exportação a partir do Brasil, seja por suas subsidiárias no exterior. Em 2024, 57% da receita líquida veio do mercado externo e, no primeiro semestre de 2025, em 57,5% (R$ 11,67 bilhões de R$ 20,29 bilhões).

O problema é que as indústrias no mundo, que são as clientes da WEG, vivem um período de desaceleração, especialmente em mercados que são centrais para a empresa, como China e Europa. É que com os juros mais altos ao longo de muitos meses nas economias centrais, ficou mais caro financiar projetos de longo prazo. Diante disso, muitas empresas decidiram adiar planos de expansão.

Ao mesmo tempo, os custos de matérias-primas dispararam. O cobre, por exemplo, fundamental para motores e transformadores, continua em patamar alto, pressionando margens. Este ano, a commodity sobe mais de 13%, mas chegou a ter uma valorização de quase 50% em julho, quando bateu seu recorde histórico de preço.

Outro ponto de pressão veio das tensões comerciais nos EUA e as incertezas em torno das tarifas, o que pode afetar exportações. Para mitigar esses efeitos, a WEG tem redirecionado parte da produção para fábricas no México e na Índia, além de ajustar preços quando possível, mas é difícil agora prever o quanto esses medidas serão eficazes.

No Brasil, a ausência de projetos em geração eólica machucou a divisão de geração, transmissão e distribuição (GTD). E assim eliminou o que poderia ser um empurrão importante do mercado doméstico. No exterior, a WEG manteve entregas relevantes de transformadores e subestações, mas clientes adiaram grandes investimentos diante de um ambiente mais incerto.

Esses desafios todos já impactaram o resultado da companhia, que mostrou lucro abaixo das projeções nos dois primeiros trimestres deste ano. No 2º trimestre, o lucro cresceu 10,4%, mas abaixo das projeções, enquanto a margem operacional caiu para 22,1%, ligeiramente inferior à de um ano antes.

Como o mercado vê

Entre analistas, o tom ficou mais cauteloso. A XP chamou o 1º trimestre de “perigo das altas expectativas”, por mostrar que os números já não surpreendem como antes. Itaú BBA e Bank of America cortaram suas projeções de preço para a ação, destacando que o crescimento deve ser mais moderado e que não há urgência em comprar agora.

Parte dessa correção também tem a ver com o preço da ação, que seguia “caro” mesmo após quedas: hoje, WEGE3 ainda negocia a múltiplos acima da média do setor.

E daqui para frente?

Apesar das dificuldades, a história de longo prazo continua firme. A WEG ultrapassou a suíça ABB e se tornou líder mundial em motores elétricos de baixa tensão. Também vem reforçando a presença local em mercados estratégicos, como México e Estados Unidos.

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As grandes tendências que puxam demanda — eletrificação, redes de energia mais robustas, data centers, automação e eficiência energética — permanecem no horizonte. Além disso, a expectativa de cortes de juros nos EUA pode aliviar o custo de capital e destravar novos projetos, reacendendo a procura pelos equipamentos da WEG.

O Bank of America avalia que a queda recente é “justificada”, mas não muda a tese de longo prazo, projetando retomada de crescimento a partir de 2027. Já o BTG Pactual mantém recomendação de compra e preço-alvo de R$ 54,00, o que representaria um potencial de valorização de mais de 40%.

Em resumo: 2025 é um ano de ajuste de expectativas. O curto prazo pede paciência, mas para quem olha além, a correção pode abrir oportunidades.

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