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Ação em foco: Rede D’Or sobe 70% no ano com postura mais cautelosa

Alta vem após redução de custos e consolidação da montanha de aquisições dos últimos anos

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A Rede D’Or São Luiz vai, aos poucos, consolidando sua metamorfose: de rede hospitalar para um “ecossistema” de saúde. Após a aquisição da SulAmérica em 2023, o grupo continuou avanaçando na estratégia. Formou no ano passado uma joint venture com a Bradesco Saúde, a Atlântica D’Or, para a incorporação e construção de novos hospitais.

E a ofensiva mais recente mira grandes laboratórios de diagnósticos.

Em julho, vieram especulações de que a Rede D’Or buscava uma combinação de negócios com o Fleury. O mercado entendeu como um movimento estratégico, que ampliaria a verticalização de serviços, ou seja, a consolidação desse ecossistema completa de serviços, dos planos de saúde e atendimento médico aos exames e prevenção.

Apesar de inicialmente terem negado, as duas empresas recentemente reconheceram haver conversas sobre uma eventual fusão. Fleury e Rede D’Or disseram em outubro que “avaliam oportunidades”, sem, no entanto, terem qualquer acordo firmado.

A Rede D’Or amargava uma queda de 67% entre a máxima de agosto de 2021 e o fim do ano passado. Em 2025, veio a virada: alta de 70% no ano. O que conquistou o mercado? Foi a sinalização de uma postura mais cautelosa, que busca priorizar o crescimento orgânico e a rentabilidade.

Entre 2020 e 2023, o grupo realizou 14 aquisições, incluindo a incorporação da SulAmérica Saúde. A empresa desembolsou no total perto de R$ 16 bilhões no período. De 2024 para cá, o grupo se voltou a reduzir custos e consolidar as aquisições.

Neste ano, por exemplo, a Rede diminuiu o plano de abertura de leitos — de 4 mil para 3,2 mil até 2028, com um corte mais agudo em 2025 (apenas 500 novos leitos). Além disso, vendeu sua participação na companhia de terapia celular GSH, um desinvestimento que rendeu R$ 1,5 bilhão ao caixa.

Os resultados do segundo trimestre já começam a mostrar os frutos dos investimentos intensivos realizados nos últimos anos. A Rede D’Or reportou lucro líquido de R$ 1,05 bilhão, com alta de 5,2% ante o mesmo período de 2024. A receita cresceu 11,7% no segundo trimestre, para R$ 13,96 bilhões. Houve um avanço de 12,1% no faturamento hospitalar e de 11,6% nos seguros.

Outro movimento visto como um gol foi a joint venture Atlântica D’Or. A nova empresa, além de incorporar unidades da Rede D’Or São Luiz, também iniciou a construção de novos hospitais, incluindo uma unidade especializada em oncologia.

Um dos negócios firmados neste ano a partir da parceria rendeu R$ 440,9 milhões para a Rede D’Or, valor recebido pela aquisição de metade do Hospital Glória D’Or pela Atlântica D’Or. Esse rearranjo indica um potencial de que a joint venture pode não só ajudar a reduzir custos operacionais para o grupo hospitalar como, ao mesmo tempo, ampliar a oferta de leitos em novas praças.

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Os analistas de várias casas têm colocado a Rede D’Or entre as preferidas do setor de saúde na bolsa. O BB Investimentos elevou o preço-alvo de 2025 para R$ 39, com recomendação de compra. O Itaú BBA destaca há alguns meses a rede como sua preferida, com destaque para a melhora operacional e para o potencial de crescimento da joint venture com a Bradesco Saúde.

O Santander elevou o preço-alvo da ação do grupo para R$ 51,50 no fim de 2026. Trata-se de um potencial de crescimento de 22% frente a cotação atual, de R$ 42,26. Os analistas Caio Moscardini e Eyzo Lima apontam como as duas fortalezas da Rede D’Or, a execução “superior”no segmento de hospitais e ao forte desempenho comercial da SulAmérica.

As cenas dos próximos capítulos estão cheias de emoções para os investiudores. O foco agora está em três eixos:

1) A dinâmica de ocupação de leitos e os preços;

2) O tabuleiro competitivo, onde a disputa em oncologia com a Oncoclínicas tem o potencial de adicionar um crescimento relevante

3) Os novos movimentos de fusões e aquisições, com Fleury, Dasa e Aliança entre as possibilidades.

A Rede D’Or, enfim, entra no último trimestre de 2025 com uma narrativa diferente de 2024, na visão do mercado: menos crescimento “a qualquer custo”, mais retorno sobre o que já foi construído.

Foto da abertura: Divilgação Rede D’Or

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