Lá fora, o humor não ajuda. As chances de cortes de juros nos EUA em dezembro diminuíram, e o dólar voltou a ganhar fôlego. O DXY, índice que mede a força da moeda americana, sobe 2,2% no mês. E quando a divisa americana sobe lá fora, o apetite por risco costuma murchar – inclusive no mercado cripto
“O dólar firme e a menor probabilidade de cortes adicionais de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) reduzem parte do estímulo para criptoativos”, disse André Franco, CEO da Boost Research.
Por aqui, o cenário é o oposto: o dólar cai e o Ibovespa sobe, surfando na maré positiva do mercado local.
Segundo Murilo Cortina, diretor de novos negócios da QR Asset Management, a correlação entre o BTC e o índice Nasdaq também voltou a se estreitar, reforçando que, em tempos de incerteza monetária na terra do Tio Sam, o mercado ainda trata o bitcoin como ativo de risco.
“Esse conjunto de fatores explica a correção mais acentuada: fluxo negativo nos ETFs (fundos negociados em bolsa), realização de lucros por grandes investidores e reprecificação global de risco após o Fed”, falou.
E falando em ETFs, os fundos à vista de bitcoin dos EUA registraram saídas de US$ 186,5 milhões ontem, segundo a plataforma SoSoValue, sinalizando que os investidores institucionais estão mais cautelosos com a cripto. Que fase, hein?
O clima azedou também para as principais altcoins – termo usado para identificar todas as criptos diferentes do BTC. A solana (SOL), apesar de ter sol no nome, é a que menos brilha hoje: queda de 8,32%.
Veja as cotações das principais criptomoedas às 7h40:
Bitcoin (BTC): -3,40%, US$ 103.770,03
Ethereum (ETH): – 6,50%, US$ 3.480,47
XRP (XRP): -5,57%, US$ 2,26
BNB (BNB): – 6,60%, US$ 953,59
Solana (SOL): -8,32%, US$ 160,73
Outros destaques do mercado cripto
ETFs que brilham. Apesar de a SOL estar em queda nesta terça, acompanhando o movimento do mercado cripto, os ETFs da criptomoeda vão muito bem, obrigado. Ontem, enquanto os fundos à vista de bitcoin nos EUA registraram saídas, os fundos de Solana atraíram US$ 70,5 milhões. Com isso, o total acumulado nos dois produtos lançados na semana passada no país já chega a US$ 513,35 milhões. O destaque é o BSOL, da gestora de ativos cripto Bitwise, que sozinho concentra cerca de US$ 420 milhões em ativos.
Experimento internacional com banco local. Instituições financeiras do Brasil e do mundo seguem testando os benefícios da tecnologia por trás das criptomoedas. O Banco Inter, o Banco Central do Brasil, a HKMA (Autoridade Monetária de Hong Kong) e a Chainlink (LINK) concluíram juntos o primeiro experimento de financiamento ao comércio internacional baseado em blockchain voltado ao setor privado. Na prática, a blockchain foi usada para liquidar automaticamente, em tempo real, uma transação de comércio exterior, integrando registros de títulos com uma infraestrutura de pagamentos cross-chain – que conecta diferentes redes. Foi o primeiro teste do tipo a envolver essas instituições.
