Corrida do ouro 2025: como investir para não ficar de fora

Metal precioso já avançou 27% no ano e procura segue alta em meio a conflitos armados no mundo

O ouro está brilhando como nunca. No acumulado de 2025 até hoje, a matéria-prima já se valorizou 25% – ou 11,50% quando se leva em conta a variação em reais. Foi bem mais do que outros investimentos, como ações americanas e criptoativos. E como as perspectivas para o metal continuam positivas, é importante conhecer formas de incluir esse ativo na carteira – e surfar essa onda de valorização.

O ouro é conhecido por ser uma ótima opção de reserva de valor: em tempos de crise por todos os lados, o que todo mundo mais quer é um refúgio seguro – e, nesse caso, antigo – para sobreviver à tormenta. E é justamente porque o mundo anda muito instável que o ouro tende a ganhar ainda mais.

Quem quiser ter uma exposição ao ouro para aproveitar o que ele ainda pode oferecer de ganhos ao longo do ano poderia simplesmente fazer uma compra física. Mas isso já é um tanto quanto ultrapassado. Hoje, um investidor pode utilizar algumas alternativas simples e baratas, que acompanham as cotações da commodity no mercado internacional.

Uma das alternativas mais acessíveis são os ETFs, fundos negociados em ambiente de bolsa, como uma ação. E o ETF de ouro mais líquido na B3 é o GOLD11, ou Trend LBMA Ouro. No ano até agora, ele acumula uma alta de 13%. Ou seja, quem colocou R$ 1 mil no ETF em janeiro colheu um lucro de R$ 130. E isso já considerando a desvalorização do dólar frente ao real.

Para comprar o GOLD11, basta ter um “home broker”, como se chama a plataforma para negociar ativos listados, e buscar por esse código. O investimento mínimo no produto é de uma cota – que, nesta terça-feira (24), valia R$ 19,20. O ETF taxa de administração de 0,30% ao ano, que já está embutida no valor da cota mostrada na tela do home broker.

Por que o apetite por ouro cresceu tanto nos últimos anos?

Outra alternativa são os fundos simples dedicados à compra dos contratos de ouro, que fazem um trabalho parecido com os ETFs, mas não são negociados na B3. É possível encontrá-los nas plataformas e corretoras independentes. Nesses casos, os fundos podem ser identificados facilmente pelos seus nomes.

Os fundos negociados fora do ambiente de bolsa, a aplicação mínima varia: começa em R$ 100 nos mais baratos e pode chegar a R$ 1 mil em opções mais caras. Nesse caso, eles cobram uma taxa de administração anual que pode ir de 0,20% a 0,60%.

No geral, o investidor pode escolher se deseja ter ou não exposição cambial. Existem opções que reproduzem o comportamento do ouro em dólar – seguindo exatamente o preço internacional, portanto. E aquelas que fazem o ajuste do câmbio e replicam apenas o desempenho do metal – os chamados produtos “com hedge”. Para identificá-los, é simples: basta se informar por meio dos documentos que ficam disponíveis nas plataformas que os distribuem.

O que explica a alta do ouro?

O preço do ouro é determinado pela oferta e demanda global. Tão simples quanto isso. Ele é negociado por meio de contratos em várias bolsas. Um dos mais importantes é o preço de liquidação diária na Comex Futures, em Nova York. Nesse caso, a cotação dos contratos futuros de ouro para entrega em agosto, o mais líquido, já atingiu US$ 3.317,40 a onça-troy. Isso dá R$ R$ 18.255 a um câmbio de R$ 5,50.

Esse valor em si não é um recorde, mas não está longe: a marca mais alta foi registrada no dia 6 de maio de 2025, quando bateu US$ 3.411,40 por onça-troy.

São muitos fatores que explicam essa correria pelo metal precioso. O primeiro são os conflitos armados, como se viu no aumento das tensões entre Irã e EUA mais recentemente e na prolongada guerra entre Rússia e Ucrânia. As sanções comerciais que possam surgir nesses momentos – como já aconteceu no passado entre EUA e Irã, diga-se de passagem – ou mesmo uma escalada das hostilidades acabam motivando a procura pelo que há de mais seguro no mundo.

E não precisamos falar só de conflitos armados. As disputas comerciais do começo do ano travadas pela administração de Donald Trump com a China e mais uma centena de países também só fez crescer a procura pela commodity.

Outro elemento para o avanço da matéria-prima é a compra pelos bancos centrais globais, inclusive na tentativa de reduzir a dependência do dólar. A moeda americana sempre foi considerada uma caixinha segura para investir. E ainda é, já que os EUA são a maior economia do mundo – e até hoje não se encontrou algum ativo que consiga substituir o dólar como ativo de reserva.

Mas a percepção de risco sobre a moeda cresceu muito desde a chegada de Trump ao poder. Desde retóricas duras contra outros países na guerra comercial até pretensões questionáveis do ponto de vista fiscal, a procura pelo dólar balançou.

E quem entra na conta para acalmar os ânimos? Ele mesmo: o ouro.

Quem nos ajuda a compreender o tamanho da importância do ouro hoje é o Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras (OMFIF), organização independente que reúne e divulga informações de bancos centrais. Uma pesquisa divulgada hoje mostrou que, entre os 75 bancos centrais mapeados, 32% pretendem aumentar as reservas de ouro nos próximos dois anos.

E tem mais: o dólar, que antes ocupava o primeiro lugar nos interesses de compra pelos BCs, agora está em sétimo lugar, perdendo espaço para o ouro e outras moedas fortes, como euro e yuan. Para 96%, foi justamente a guerra comercial que motivou o aumento da procura pelo metal.

Há quem questione se, depois de toda alta vista até aqui, o metal possa interromper o caminho. Bom, não é o que grandes instituições pensam. Em relatórios recentes, casas como o Goldman Sachs e J.P. Morgan veem chance para a commodity chegar a relevantes US$ 4 mil até 2026.

E é essa a visão também de muitos gestores de fundos multimercados, que estão com ouro na carteira e querem manter a posição. “Vemos uma apreciação estrutural do ouro como uma das alternativas ao dólar americano após as ações do Trump desde que assumiu”, afirma um profissional de um grande fundo multimercado com atuação internacional.

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