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Corrida para garantir isenção de IR fez emissões de debêntures incentivadas superar R$ 100 bilhões em 2025

É a primeira vez que o título com isenção de imposto de renda ultrapassou essa marca marca nos 9 primeiros meses do ano

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A MP que passaria a cobrar imposto de renda em cima de títulos que hoje são isentos caiu no Congresso no começo de outubro. Mas durante o breve período de validade da medida provisória ela deixou sua marca.

A Anbima, entidade que representa o mercado de capitais, apresentou nesta segunda (20) algumas estatísticas atualizadas até setembro. E algumas delas mostram bem esses efeitos.

As emissões de debêntures incentivadas ultrapassou pela primeira vez na história a marca de R$ 100 bilhões em novos títulos nos primeiros nove meses do ano. Mais precisamente R$ 113,6 bilhões – 18% de crescimento ante o mesmo período do ano passado.

Elas perderiam a isenção se tivessem sido emitidas depoi de 31 de dezembro de 2025.

O mercado secundário, onde as debêntures trocam de mãos, também ficou bem mais frenético. Movimentou um volume recorde de R$ 615 bilhões – crescimento de 22,7% comparado ao período de janeiro a setembro de 2024. As debêntures incentivadas responderam pela maior parte do volume.

César Mindof, diretor da Anbima, reconheceu o impacto do risco regulatório sobre a demanda pelos papéis sem IR. “Ainda que não possamos dizer que esse volume não seria alcançado, pode ter ocorrido um efeito de antecipação”, ele afirmou na coletiva sobre os resultados do mercado de capitais no terceiro trimestre.

O ambiente de juros no maior patamar em 19 anos também aparece nos números de janeiro a setembro. A renda fixa bateu o recorde da série histórica atual, que remonta a 2012, com uma captação de R$ 487,3 bilhões. E a renda variável amargou seu pior momento desde, pelo menos, 2007 (o início da série histórica dessa modalidade). As empresas brasileiras obtiveram apenas R$ 4,2 bilhões em 6 ofertas subsequentes de ações (follow-ons). A seca de IPOs segue, claro, desde 2021.

Outro indicador que mostra o peso do custo do financiamento da Selic a 15% ao ano é o montante de captações externas. As captações das companhias brasileiras no mercado internacional são as mais elevadas para o período desde 2014. Totalizaram US$ 29,2 bilhões, ou cerca de R$ 156 bilhões.

Ou seja: o juro alto acaba tendo como efeito colateral uma redução na fauna de títulos de dívida em reais, que deixa o investidor brasileiro com um cardápio mais restrito – a despeito do rally das debêntures incentivadas.

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