O gatilho para a queda de 4,25% do Ibovespa nesta sexta-feira veio da evidência de uma divisão na direita: a divulgação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro indicou o filho, o senador Flávio Bolsonaro, como seu “candidato oficial”.
Os investidores de peso não escondem que seu nome preferido para a disputa eleitoral é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com a agenda liberal que ele poderia trazer . “A escolha de Flávio elevou a incerteza sobre a articulação política da oposição e desencadeou um ajuste generalizado de preço”, afirmou o especialista em investimentos da Nomad, Bruno Shahini.
Ou seja, mesmo que Tarcísio ou outro nome da direita disputem o pleito, sabe-se que Bolsonaro tem um eleitorado cativo, e que consegue transferir votos para o filho. Isso pode tornar mais fácil o caminho da reeleição do presidente Lula – cenário que o mercado não gostaria de ver, dado o desapego do atual governo pelo controle dos gastos públicos.
E sem um controle efetivo dessa parte, a fiscal, um cenário de juros em níveis razoáveis se torna menos provável. Tanto que os contratos de juros futuros dispararam, com todos os vencimentos entre 2027 e 2033 acima dos 13%. Desnecessário lembrar que, com os juros nas alturas a perder de vista, não há renda variável que aguente. Daí o sell off desta sexta.
E com o cenário turbulento por aqui, parte dos investidores aumenta sua posição em dólar, para colocar o dinheiro em portos mais seguros. Daí a alta de 2,31%, a R$ 5,432, maior patamar desde 16 de outubro.
Daqui para a frente podemos esperar mais episódios como o dessa sexta. “As eleições vão trazer grande volatilidade e ter impacto em câmbio, juros futuros, na bolsa e na percepção dos mercados para 2027”, diz o executivo-chefe de investimentos do UBS Wealth Management, Luciano Telo.
Esse encerramento de semana, vimos todos, é a prova empírica dessa afirmação.
