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Ibovespa quebra quinto recorde seguido na semana e encosta nos 150 mil pontos

Índice termina semana em 149.540 pontos e já acumula avanço de 24,3% em 2025

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Foi por pouco. Em mais um dia de máxima histórica, o Ibovespa encostou na marca dos 150 mil pontos nesta sexta-feira (31) ao atingir o pico de 149.635 pontos durante o pregão. Ao longo do dia, perdeu um pouco de força, mas terminou a sessão em alta de 0,51%, aos 149.540 pontos – quinto dia seguido de recorde.

Nas últimas cinco sessões, o indicador acumulou uma alta de 2,3%. Em outubro, a alta foi de 2,2%. No ano, o Ibovespa já avança 24,3%.

A sequência de altas na última semana de outubro se apoiou em um “alinhamento dos astros”. Logo no domingo (26), houve o esperado encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. O saldo foi positivo, com ambos os lados acenando para a continuidade das negociações em busca de um acordo comercial e na melhora das relações políticas.

No mesmo dia, autoridades americanas e chinesas sinalizaram terem chegado a acertos necessários para que um futuro acordo fosse anunciado por Trump e sua contraparte da China, Xi Jinping. Os líderes se reuniram na madrugada da quinta-feira (30) e anunciaram de fato um acordo que envolveu múltiplas frentes, desde redução de tarifas até o compromisso da China de comprar soja dos americanos, além de assegurar o acesso às chamadas terras raras – matérias-primas essenciais em várias indústrias, especialmente na área de tecnologia.

Desde a segunda-feira (27), os investidores já se posicionavam no mercado à espera de um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), confirmado na quarta-feira (29).

Quando acontece uma redução de juros na maior economia do mundo, os investidores estrangeiros são estimulados a negociar ações de mercados considerados mais arriscados, como o Brasil, em busca de retornos maiores – e qualquer pequeno ajuste nas carteiras de grandes aplicadores institucionais tem força suficiente para empurrar a bolsa brasileira para o alto.

Os ativos brasileiros seguiram a mesma trajetória que se viu nos mercados emergentes. O maior ETF (índice negociado em bolsa de valores) ligado a esse grupo de países, o iShares MSCI Emerging Markets, subiu 1,02% na semana.

Entre os grandes responsáveis pela alta do Ibovespa hoje, a Vale foi o grande destaque. Os investidores seguem animados com a empresa depois que o balanço mostrou avanço no controle de gastos e uma geração de fluxo de caixa suficiente para manter o controle do endividamento, depois de ter alcançado o maior nível de produção de minério de ferro desde 2018.

As ações da mineradora subiram 2,27% hoje, cotadas a R$ 65,26.

Ainda entre os papéis de maior peso no índice, o setor financeiro contribuiu para o dia animado no mercado. As ações do Banco do Brasil subiram 1,25%, enquanto Itaú Unibanco teve alta de 0,38%. O Bradesco avançou 0,33%.

Já o mercado de câmbio teve uma semana mais calma, sem grandes solavancos. A moeda americana terminou a sexta-feira em leve queda de 0,01%, a R$ 5,3798. No acumulado da semana, teve um leve recuo de 0,23%. Mas a tendência de queda permanece firme e forte: a divisa tem baixa de 13% contra o real em 2025 até agora.

Em relação a outras moedas globais, o dia foi de pequena alta do dólar. O Índice Dólar DXY, que mede o retorno frente a um grupo de moedas de países desenvolvidos, tem leve avanço de 0,18% hoje.

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E na próxima semana? É a vez do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ganhar os holofotes. A reunião que vai decidir os rumos da Selic acontece entre terça-feira (4) e quarta-feira (5). As expectativas são de manutenção da taxa básica no atual patamar de 15%. Qualquer sinal, porém, de que há espaço para um corte de juros em breve pode dar ao investidor motivo suficiente para se animar ainda mais com as ações – o que seria mais uma boa justificativa para o Ibovespa seguir na maré de otimismo.

O exterior também deve continuar pautando a demanda pelos ativos de risco ao longo de novembro. Jerome Powell, presidente do Fed, tirou o entusiasmo dos mais otimistas de que pode haver um novo corte de juros nos EUA já em dezembro. Ele citou, como motivo, a falta de dados econômicos para avaliar a evolução da inflação e do mercado de trabalho, por causa do shutdown – com a indefinição sobre a votação no Congresso para o Orçamento de 2026, mais de 700 mil funcionários nos EUA paralisaram suas atividades, incluindo entidades que trabalham na coleta e publicação de dados.

“Uma nova redução não é uma conclusão inevitável, longe disso”, declarou Powell, na quarta-feira.

O debate em torno do espaço que existe ou não para uma redução dos juros americanos está grande mesmo dentro do próprio Fed. Um dos diretores, Christopher Waller, afirmou hoje que ainda defende um corte em dezembro e que a falta de dados econômicos recentes não serve de justificativa para parar o afrouxamento monetário. Waller é uma figura importante porque é o provável indicado de Trump para assumir a cadeira de presidente do Fed com o fim do mandato de Powell, em maio do ano que vem.

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