Na avaliação da empresa, que divulgou ontem (6) os seus resultados trimestrais, com a atual geração de caixa e o nível controlado de endividamento, o pagamento aos acionistas tem espaço para acontecer mesmo com um cronograma de investimentos mais intenso de obras e modernizações.
As despesas de capital – ou capex, gastos em expansão e novos bens que integrarão o patrimônio – até o fim de 2025 estão previstas para o intervalo entre R$ 330 milhões e R$ 400 milhões, com R$ 191 milhões já aplicados até setembro. Parte desse valor, cerca de R$ 100 milhões, foi adiada para 2026, quando o investimento total pode chegar a R$ 550 milhões.
Segundo o executivo, os projetos de expansão são o grande foco no momento. No Iguatemi Brasília, 70% da nova área já está comercializada, com aluguéis acima do previsto. Em São Paulo, o Iguatemi da Avenida Faria Lima também avança: metade da nova área foi locada. E as obras seguem dentro do orçamento, mesmo com o aumento de custos no setor.
Em paralelo, a Iguatemi mantém uma estratégia de fusões, aquisições e reciclagem de portfólio de forma seletiva. A empresa continua “analisando oportunidades”, mas que tenham efeito controlado sobre o endividamento e não prejudiquem o ritmo de expansão, da capacidade de investimento e da execução das obras em andamento.
O objetivo é preservar a alavancagem abaixo de duas vezes o Ebitda (uma medida de lucro operacional), patamar que hoje se mantém em 1,64 vez. De forma simples, a alavancagem equivale a quantos anos a empresa levaria para pagar a dívida usando todo o lucro operacional. Em linhas gerais, um nível de duas vezes o Ebitda é considerado um patamar saudável.
Apesar da execução controlada, o ritmo de obras tem sido afetado por licenças e custos de construção mais altos e a companhia admite que parte das entregas deve se concentrar a partir de 2026. É o que atrasou o cronograma de capex para o ano. Também há estudos para aproveitar áreas ociosas, como o teatro desativado de 5 mil metros quadrados no Shopping Pátio Paulista, em São Paulo.
No interior do estado, os projetos também seguem o cronograma. Em São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e Sorocaba, a Iguatemi avança com projetos residenciais e comerciais em parceria com incorporadoras. O objetivo é trazer mais moradores e empresas para perto dos shoppings, criando fluxo constante e fortalecendo a base de consumidores. Em Porto Alegre, duas novas torres foram aprovadas, dentro do plano diretor do complexo local.
A companhia mantém lease spreads positivos — ou seja, consegue renovar e alugar espaços com valores maiores — e estima um ganho real de cerca de 7% nas renegociações. Só entre 2024 e 2025, esse trabalho adicionou R$ 17 milhões ao Ebitda. A ocupação média dos shoppings subiu para 96,3%, com previsão de ficar acima de 97% até o fim do ano.
O varejo próprio também tem peso crescente na estratégia. As lojas de marcas internacionais, como Birkenstock, Loewe e H&M, seguem impulsionando vendas e atraindo público. A primeira loja da H&M no Rio de Janeiro, que abrirá em um shopping do grupo, é vista como um símbolo de uma nova fase da empresa, mais internacional e com forte apelo de tráfego.
Perto das 17h, as ações da Iguatemi tinham alta de 2,34%, cotadas a R$ 25,39.
