Mercados emergentes se preparam para maré de capital estrangeiro

Fluxo de dinheiro para os emergentes será mais intenso no início do próximo ano, notam os bancos BofA e Morgan Stanley

O fluxo de dinheiro para os mercados emergentes provavelmente será mais intenso no início do próximo ano. Conforme surjam mais evidências sobre a resiliência das economias desses países, maior será a procura em relação aos ativos dos EUA – e o Brasil está na lista dos maiores beneficiados. Essa é a leitura de grandes bancos americanos, como Bank of America (BofA) e Morgan Stanley.

“As pessoas ficarão muito mais otimistas [com os emergentes] no início do próximo ano, quando tiverem a confirmação de que o impacto das tensões comerciais será limitado”, afirma David Hauner, chefe de estratégia de renda fixa de mercados emergentes globais do BofA. “Mesmo pequenos fluxos, buscando diversificação a partir dos EUA, podem ser muito significativos.”

Para Hauner, Brasil, México, Colômbia, Turquia e Polônia estarão entre os principais beneficiários dos fluxos estrangeiros. Ele também avalia que o movimento deve ser pautado por três itens: pelo dólar em queda global, pelo espaço para mais cortes de juros pelos bancos centrais e pela exposição historicamente baixa dos fundos globais a ativos de mercados emergentes.

Analistas do Morgan Stanley vão na mesma linha e afirmam que as compras estrangeiras de ativos de mercados emergentes têm sido contidas até agora, mas que a entrada de dinheiro deve ganhar força nos últimos meses do ano. É o movimento dos fundos globais à procura de ativos emergentes que vai pautar o melhor desempenho na comparação com os mercados desenvolvidos.

Mesmo no mercado de renda fixa as oportunidades são grandes, já que a dívida dos emergentes já proporcionou aos investidores um retorno de quase 9% neste ano ante um ganho de 7,5% na dívida de mercados desenvolvidos no mesmo período.

Desde a chegada do presidente Donald Trump à Casa Branca, as preocupações com as políticas tarifárias e fiscais passaram a pressionar a moeda americana, que também se mantém nesse ritmo pelo corte de juros previsto já para este mês pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano). O índice da Bloomberg que mede o desempenho do dólar globalmente já caiu mais de 8% neste ano, a caminho de sua maior baixa anual desde 2017.

“O dólar sempre esteve em alta e os mercados dos EUA superavam tanto os demais que ninguém estava realmente interessado em emergentes”, disse Hauner, do BofA. “Agora haverá espaço para diversificar e estamos apenas no início desse processo.”

Exit mobile version