BRF lucra menos com embargo do frango e espera aval do Cade para fusão com Marfrig

Surto de gripe aviária impôs restrições comerciais e freou resultado da companhia

A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, lucrou R$ 735 milhões no segundo trimestre de 2025, uma queda de 33% em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impactado pela suspensão temporária das exportações de frango a partir de 15 de maio, quando foi confirmado o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil.

Em conversa com jornalistas nesta quinta-feira (14), a diretoria da empresa lembrou que os embargos sanitários decorrentes da doença afetaram mais de 100 mercados para os quais o Brasil exporta, incluindo China, União Europeia e Chile.

“O trimestre foi extremamente desafiador. Foram 45 dias sem embargo e outros 45 sentindo os efeitos dessas restrições. Mesmo com a perda de mercados relevantes, conseguimos entregar um semestre histórico. Isso só foi possível porque vínhamos nos preparando para ser mais eficientes”, afirmou o CEO Miguel Gularte.

Segundo o CFO Fábio Mariano, o impacto da gripe aviária somado à valorização do real explicam a queda do lucro e do resultado operacional (Ebitda) na comparação com o segundo trimestre de 2024. Ele destacou que a BRF optou por não ajustar os números para excluir esses efeitos, mas reconheceu que, sem as suspensões, as margens operacionais teriam sido mais elevadas — especialmente no mercado internacional.

A receita líquida do trimestre cresceu 3%, para R$ 15,4 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado totalizou R$ 2,5 bilhões — ligeiramente abaixo dos R$ 2,6 bilhões registrados um ano antes. O fluxo de caixa livre foi de R$ 842 milhões. Já a alavancagem caiu para 0,43 vez o Ebitda, o menor patamar da história da companhia.

Sem acesso ao mercado chinês, a BRF vem redirecionando volumes para hubs como o Oriente Médio. “Alguns cortes com menor valor agregado acabaram sendo destinados às graxarias, mas mantivemos nossa estratégia e não ajustamos o alojamento”, afirmou Leonardo Dallorto, vice-presidente de Mercado Internacional.

De acordo com a diretoria, as exportações brasileiras de frango caíram 15% no segundo trimestre. No caso da BRF, a queda foi de apenas 5%, reflexo das novas habilitações e da capacidade de adaptação da empresa. “Cumprimos todas as exigências sanitárias. A resposta das autoridades foi rápida, e o Brasil conquistou uma posição de confiança internacional”, completou Gularte.

Ainda segundo o CEO, a aprovação da fusão com sua controladora Marfrig deverá ser discutida no Cade na próxima semana. A expectativa da companhia e do mercado é de uma aprovação sem restrições. O aval da autarquia é a última etapa para a conclusão da criação da MBRF.

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