Negócios

Abear questiona política de paridade internacional do combustível da aviação

Associação Brasileira das Empresas Aéreas quer discutir mudança de política de preços no país.

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 3 min

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, voltou a pedir a instauração de uma mesa de diálogo no âmbito do governo para debater o preço do combustível de aviação (QAV) no Brasil e questionou a aplicação da política de paridade internacional à totalidade da precificação do combustível.

“Se produzimos combustível na Refinaria Henrique Lage (Revap), que vai por duto a Guarulhos, por que pagamos como se tivesse sido produzido no Golfo do México, em Dubai?”, disse Sanovicz, em audiência nesta terça (5) na Câmara dos Deputados sobre a precificação do QAV no Brasil.

O presidente da Abear pediu que, com “calma e responsabilidade”, os órgãos competentes se reúnam e discutam o que é o “melhor para o Brasil” nesse segmento.

“Podemos sentar numa mesa e ouvir as verdades de todos a fim de construir proposta para que sociedade abrace esse processo? Dá para compartilhar as dores ou as dores tem de ficar só de um lado?”, disse, lembrando ainda que a entidade propôs em abril aos ministérios da Economia e da Infraestrutura a criação de uma mesa de diálogo permanente para buscar soluções para o setor aéreo.

Mais cedo, na mesma audiência, o secretário Nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura, Ronei Glanzmann, afirmou que a paridade de preços tem “requintes de crueldade” para o setor, apesar de ressalvar que entende o “racional” do PPI. Ele pontuou que o País está próximo da autossuficiência do combustível de aviação, com cerca de 90% produzido e refinado internamente, lembrando, por sua vez, que esse mercado está concentrado nas mãos da Petrobras.

Representando a petroleira na audiência, o gerente de Comércio Interno de Combustíveis de Aviação da estatal, Felipe Figueiredo, afirmou que a Petrobras não exerce monopólio no segmento e defendeu que a referência ao mercado internacional é “fundamental para que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento a curto, médio, e longo prazo”. Ele ainda destacou não existirem restrições para que outras empresas atuem na importação de QAV.

O domínio na Petrobras sobre esse mercado e sobre o transporte do combustível, por meio da Transpetro, no entanto, foi elencado por participantes da audiência como um desafio para o ambiente concorrencial do setor. A distribuição do QAV dentro dos aeroportos foi outro ponto de atenção, em razão da concentração dessa atividade pela Raízen, Vibra e Air BP.

Superintendente de Acompanhamento de Serviços Aéreos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Rafael Botelho lembrou durante a reunião que atualmente o órgão discute em consulta pública uma resolução para tentar abrir esse mercado a novos players.

Mais Vistos