Além das cervejas premium, a Ambev afirma que seu portfólio zero-álcool, de baixas calorias e sem glúten cresceu 65%. No caso das cervejas sem álcool, como Corona Cero e Budweiser Zero, as vendas foram 20% maiores na comparação anual.
De acordo com as estimativas da companhia, o portfólio premium e super premium da Ambev alcançou o maior nível de participação desde 2015, atingindo quase 50% de share do segmento – o bastante para tirar a Heineken da liderança. O desempenho foi impulsionado por Corona, Original e a família Stella Artois.
O resultado no mercado brasileiro ajudou a companhia a registrar um lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, 7,9% acima do mesmo período de 2024 e superando as estimativas dos analistas de mercado. A receita ficou 1,2% maior. No trimestre, o Ebitda consolidado da Ambev cresceu 2,9%, para R$ 7,3 bilhões. A margem cresceu 0,5 ponto percentual e chegou a 33,9%.
Heineken patina
O resultado vem após um terceiro trimestre mais duro da Heineken. No período, o grupo holandês reportou uma queda de dois dígitos no volumes de cerveja (algo em torno de 15%), cerca de o dobro do recuo registrado pela dona da Brahma. A receita do grupo Heineken caiu dois dígitos baixos (algo em torno de 10%).
Segundo a empresa, o repasse de preços feito em julho motivou os clientes a anteciparem compras e reforçarem estoques. No segundo trimestre, quando a Ambev tinha feito reajustes, a holandesa se saiu melhor nas vendas.
A disputa das duas líderes de mercado se acirrou justamente no segmento premium, que ainda cresce num momento em que o mercado de cerveja patina. A Ambev seguiu com a estratégia de reforçar o portfólio com diversas opções de rótulos. Mais recentemente, o grupo Heineken, que há anos concentra seus esforços nas marcas Heineken e Amstel, passou a destinar mais investimentos também à Eisenbahn.
O principal campo de batalha tem sido no canal on-trade, como são chamados os bares e restaurantes. Em seu relatório de resultado, a Heineken afirma que ganhou mercado nas vendas no varejo, ou seja, em supermercados, atacarejos e distribuidores. Mas esse é o canal onde as margens são menores.
No começo de outubro, como antecipou o InvestNews, a Heineken voltou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para questionar contratos de exclusividade com bares firmados pela líder Ambev.
Em 2022, a própria Heineken levou ao Cade uma contestação contra os acordos de exclusividade da Ambev nesses pontos de venda. Em 2024, o órgão antitruste estabeleceu novas regras para limitar a prática, entendendo que havia risco de prejudicar a concorrência. A Ambev nega que não cumpra os acordos.
