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Apesar do avanço do mercado de luxo, ‘abutres’ começam a rondar a Swatch

Omega. Foto: Bloomberg

A recuperação deste ano nas ações europeias de artigos de luxo está perdendo um nome notável.

Enquanto empresas como Richemont e LVMH registraram ganhos de dois dígitos em 2025, já que o setor sob pressão mostra sinais de recuperação dos lucros, a Swatch Group, proprietária da marca Omega, caiu cerca de 1% este ano, não conseguindo se recuperar de uma queda de 28% em 2024.

Uma dificuldade importante para o fabricante de relógios é sua forte dependência da China, onde os gastos com luxo foram particularmente afetados. Os relógios de plástico da empresa também não estão no segmento de luxo de alto nível, onde os compradores são mais resistentes. Entre os analistas do setor, as sugestões de venda dos papeis da Swatch está no nível mais alto desde 2016, e a ação se tornou uma das mais vendidas na Europa.

“O Swatch Group é um alvo um tanto fácil para os investidores, dada a situação atual do mercado de artigos de luxo”, disse Jon Cox, analista da Kepler Cheuvreux, que reduziu as ações para menos no mês passado e prevê uma queda de 15% nos próximos 12 meses. “Ela está mais exposta à China do que qualquer outra empresa europeia de consumo, e a China é o epicentro da fraqueza do setor.”

O próximo gatilho para os investidores serão os ganhos previstos para fevereiro, depois que seus últimos resultados semestrais mostraram uma queda de 70% no lucro. Desde então, as ações vêm se arrastando perto das baixas observadas durante a pandemia. As ações emprestadas representam cerca de 18% do free float da Swatch, tornando-a uma das mais vendidas no Índice Stoxx 600 da Europa, de acordo com os dados mais recentes da S&P Global Market Intelligence.

A Swatch agora tem um dos maiores números de classificações de venda no índice, com 12, contra apenas quatro de compra. Os analistas têm se alinhado para dar opiniões de baixo desempenho sobre a empresa este mês, com Natasha Bonnet, do Morgan Stanley, sendo a última a rebaixar as ações e reduzir seu preço-alvo. As ações da Swatch caíram 1,6% na terça-feira.

Com mais suavidade na indústria relojoeira suíça em 2025 e a alta base de custos fixos do grupo em francos suíços, finalmente mudamos o Swatch Group para underweight”, disse Bonnet em uma nota intitulada ‘Cuidado’ na terça-feira.

Outros analistas apontam para vários fatores, especialmente uma dependência exagerada da China. O país foi responsável por um terço das vendas da Swatch em 2023, de acordo com suas demonstrações financeiras. Isso é mais do que a gigante do luxo LVMH, proprietária das marcas de relógios Hublot e Tag Heuer, que obteve 31% de sua receita de toda a região da Ásia, excluindo o Japão.

A exposição da Swatch aos relógios – incluindo as marcas de luxo Blancpain e Breguet – também está entre os fatores que preocupam os investidores. As exportações de relógios suíços caíram pelo terceiro mês consecutivo em novembro, devido a uma queda nas remessas para a China, enquanto os preços dos modelos mais procurados caíram para uma baixa de três anos em 2024.

Jean-Philippe Bertschy, analista da Vontobel, destacou a pressão exercida pela exposição da Swatch a produtos de nível básico, bem como seus altos níveis de estoque. O desempenho da Swatch este ano ficou atrás até mesmo da Kering SA, que está sofrendo seus próprios problemas ao tentar recuperar sua marca Gucci.

As marcas de luxo que atendem aos ultra-ricos, como a francesa Hermes International ou a Brunello Cucinelli, têm se mostrado mais resistentes, uma vez que seus clientes estão protegidos das oscilações da economia. Isso foi observado nos recentes relatórios de lucros da casa de moda italiana, bem como da suíça Richemont, proprietária das marcas de joias Cartier e Van Cleef & Arpels.

Por fim, tanto Bertschy, da Vontobel, quanto Cox, da Kepler Cheuvreux, observam a tensão entre a empresa e a comunidade financeira. A Swatch rebateu os investidores que a criticaram por suas práticas de governança e gestão, depois de ter sido questionada sobre sua falta de envolvimento dos acionistas.

Um porta-voz da Swatch se recusou a comentar.

O declínio de quase dois anos nas ações da Swatch teve algum alívio em setembro passado, em meio a rumores de compra.

O diretor executivo Nick Hayek disse, na época, que era “pura especulação” que a empresa estivesse considerando a possibilidade de fechar o capital agora, embora fosse algo que “seria bom fazer”.

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