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Após colocar balanço no azul em 5 anos, Loft quer reforçar foco em empresas

Com prioridade no B2B, startup atingiu ponto de equilíbrio; especialistas veem bons sinais.

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Após conseguir colocar suas operações no azul depois de 5 anos de fundação, a Loft, startup do mercado imobiliário, planeja as estratégias para manter o crescimento em 2024. Isso inclui intensificar o seu foco em B2B (modelo em que os clientes são empresas, não diretamente pessoas). Além disso, o foco se manterá em tecnologia, incluindo uso de inteligência artificial, e uso de dados, segundo o CEO empresa, Mate Pencz.

Escritório da Loft em São Paulo (Foto: Divulgação)

As prioridades escolhidas para os próximos meses formaram justamente o plano que, segundo a empresa, pavimentou o caminho até o chamado “breakeven” (o ponto de equilíbrio em que uma empresa recém inaugurada começa a dar lucro). 

A Loft diz que o foco nas imobiliárias permitiu um “aumento exponencial” das vendas intermediadas por parceiras na plataforma em 2023. Na comparação com 2022, a expectativa é que o aumento chegue a 300%. 

A estratégia traduz a escolha de priorizar o B2B. Sem revelar números, a empresa diz que em 2023 dobrou a aposta neste sentido e voltou seus maiores esforços comerciais, de marketing e de tecnologia para priorizar o uso da plataforma pelas imobiliárias parceiras. 

Agora, “em 2024, a Loft vai intensificar o seu foco em B2B, em ajudar as imobiliárias a crescerem com tecnologia e uso de dados”, disse o CEO da Loft, Mate Pencz, em nota enviada ao InvestNews

“Isso será feito por meio de seus dois pilares de atuação: a plataforma Loft, que une o site de compra e venda de imóveis e um CRM próprio, e o braço de fintech, que une a fiança locatícia (aluguel sem fiador, via CredPago) e o crédito imobiliário (financiamento e home equity, via Credihome).”

CEO da Loft, Mate Pencz.

Ainda dentro dos produtos e serviços para imobiliárias, Pencz diz que “planeja aprimorar a sua oferta de soluções impulsionadas por inteligência artificial, como a Calculadora de Preços Loft, que ajuda a precificar corretamente os imóveis e, assim, acelerar as vendas em até quatro vezes”.  

Outra iniciativa que deve ganhar força em 2024 é uma ferramenta que permite que imobiliárias tenham acesso a imóveis de outras empresas participantes. “Uma imobiliária com 300 imóveis anunciados em seu site, por exemplo, passa a ter acesso a mais de 30 mil imóveis já captados por todos os integrantes da aliança para oferecer aos seus clientes”, diz Pencz.

Unicórnio com lucro em 5 anos

A Loft não revela os números de seu resultado operacional, mas o feito de passar o balanço para o azul após 5 anos de fundação é considerado inédito entre empresas unicórnios (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão). 

É o que explica o especialista Jonas Carvalho, CEO da Hike Capital. “Com certeza, usualmente as startups demoram muito mais tempo para alcançar o breakeven, sem dúvidas foi um marco substancial para a companhia”, afirma ele, apontando que a notícia é positiva “especialmente no setor de tecnologia aplicada ao mercado imobiliário (proptech)”. 

Time de lideranças da Loft. (Foto: Wanezza Soares/Divulgação)

“Considerando o setor em que a Loft opera e as estratégias adotadas para atingir esse marco, o prazo de 5 anos para alcançar o break even é um indicativo de uma gestão eficaz e uma adaptação bem-sucedida às condições do mercado”, acrescenta Carvalho. 

Igor Romero, CEO da Efund, concorda que o prazo de 5 anos para o equilíbrio é “um ótimo prazo”, especialmente “considerando que é uma startup, que a gente teve uma pandemia nesse período, que os juros cresceram para caramba e que os aluguéis viveram aquela maluquice de volatilidade de preços”. 

O especialista afirma que, geralmente, empresas consideradas “unicórnios” demoram de 8 a 10 anos para atingir o ponto de equilíbrio.

Questionada pelo InvestNews, a Loft não respondeu se o prazo de 5 anos estava dentro do planejado, mas o CEO Mate Pencz disse em nota que “os últimos anos foram imprevisíveis”.  “Com a pandemia de covid-19 e a mudança no ambiente global de negócios, buscou-se um equilíbrio maior entre crescimento e eficiência. Atenta a esse novo momento, a Loft acelerou o seu processo de crescimento aliado à rentabilidade”, contou o executivo.

Mais detalhes da estratégia

Ao apontar o foco nas imobiliárias como o segredo do sucesso, a Loft revelou que foi preciso fazer escolhas. Compra, reforma e venda de imóveis próprios, por exemplo, ficaram de fora da lista de prioridades.

Mas a companhia também passou por corte de custos, como lembra o especialista Jonas Carvalho. “A empresa também fez ajustes significativos em suas operações, incluindo cortes de equipe e reestruturações internas, para alcançar uma posição financeira mais sustentável.”

Em março deste ano, a startup demitiu 340 pessoas, ou 15% de seu quadro de funcionários no momento. A Loft já havia realizado 855 demissões em 2022 em três rodadas de cortes, em meio a uma onda geral de desligamentos no setor de tecnologia no Brasil e no mundo diante de fatores como a elevação das taxas de juros.

Sem citar as demissões, a própria empresa chegou a confirmar os efeitos positivos do corte de custos sobre seus números. Isso aconteceu ainda em março, quando anunciou um aumento de receita de 40% em 12 meses em relação a igual período de 2022. O resultado foi puxado, entre outros fatores, por ajustes de custos e priorização, segundo informou à época.

Concorrência: Loft x QuintoAndar

Sem detalhar os números, a Loft anunciou que vai fechar o 4º trimestre com aumento de cerca de 30% da receita na comparação com 2022. O crescimento vem após um cenário conturbado para o setor imobiliário na esteira da pandemia, mas também diante de desafios da concorrência. 

Nos últimos meses, um dos principais concorrentes, o também unicórnio QuintoAndar anunciou ações para consolidar seu modelo regional por meio de parcerias com corretores especializados em seus locais de atuação, além de mais investimentos em tecnologia e outras medidas para impulsionar o crescimento das vendas. 

QuintoAndar (Foto: Divulgação)

Jonas Carvalho comenta que “a competição entre Loft e QuintoAndar no mercado imobiliário brasileiro reflete a evolução e a crescente digitalização do setor“, e considera que as duas empresas “têm adotado estratégias agressivas para expandir sua presença no mercado”.

“Loft e QuintoAndar estão avançando sobre plataformas como o ZAP+, buscando se posicionar melhor na geração de leads para imobiliárias e corretores de imóveis. Essa estratégia envolve a aquisição de outros portais imobiliários e a oferta de soluções de crédito imobiliário e garantias locatícias, como visto nas aquisições da Atta pelo QuintoAndar, e da Credpago e Credihome pela Loft.”

Jonas Carvalho, CEO da Hike Capital

O especialista acrescenta que, “enquanto isso, outras empresas estão emergindo para competir com esses gigantes”, e cita como exemplo “a fusão entre Arbo e Superlógica (que) visa ajudar imobiliárias tradicionais a competir com essas startups, reduzindo a distância tecnológica entre elas”.

O InvestNews perguntou ao QuintoAndar se a empresa já atingiu o ponto de equilíbrio ou se tem alguma projeção a esse respeito, mas, considerados estratégicos, os dados não foram revelados. Da mesma forma, a Loft informou que não divulgaria seus números. 

De qualquer maneira, empresas como Loft e QuintoAndar não escondem as grandes ambições. Presente em todos os estados do Brasil e no México, o Grupo Loft se descreve como “o mais completo ecossistema imobiliário da América Latina”. Enquanto isso, o QuintoAndar, que tem atuação em mais de 70 cidades no Brasil, além da Argentina, Equador, Panamá, Peru e México, se apresenta como a “maior plataforma de moradia da América Latina”.

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