Negócios
Bancos lucraram mais em 2019, enquanto prejuízo de gigantes pesou nos resultados
Estudo parcial com os resultados de empresas já publicados do quarto trimestre mostra que o lucro dos bancos cresceu 29% no ano passado, mas as demais empresas tiveram lucro 16% menor até agora.
Um balanço parcial com os resultados publicados até então pelas empresas no quarto trimestre de 2019 mostra que, enquanto o lucro dos bancos continuou crescendo em ritmo acelerado no ano passado, o das demais empresas ficou menor. O levantamento foi feito pela Sabe Invest, empresa que reúne dados de inteligência artificial sobre empresas listadas em bolsa.
A amostra traz 89 balanços divulgados nas últimas semanas — cerca de 26% do total previsto para esta temporada até o final de março.
Lucro dos bancos cresceu 29%
Os 18 bancos do levantamento tiveram, juntos, um aumento de 29% no lucro líquido nominal em relação a 2018 – nenhuma novidade em relação à tendência dos anos anteriores, ainda que o setor venha se deparando com novos desafios como a redução de custos frente à crescente concorrência com as startups de serviços financeiros, as fintechs.
A soma dos resultados dos quatro maiores players em 2019 – Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), BB (BBAS3) e Santander (SANB11) – chegou a R$ 81 bilhões, o que equivale a 89% da soma dos lucros das 18 instituições financeiras. Apenas o Banco Pine foi na direção oposta, com prejuízo de R$ 118 milhões em 2019.
Vale e Suzano pesaram
Já as 71 empresas não bancárias da amostra apresentaram uma queda do lucro líquido de quase 16% em 2019, totalizando R$ 95 bilhões. O grupo inclui empresas de todos os setores, inclusive as que prestam serviços financeiros, mas não são consideradas bancos. Das companhias que já divulgaram seus números, 25 tiveram queda no lucro ou prejuízo e 46 viram seus lucros crescerem.
Apenas quatro das 71 companhias deste grupo tiveram prejuízo em 2019: Ecorodovias (ECOR3), B2W (BTOW3), Suzano (SUZB3) e Vale (VALE3). Mas foram as duas últimas empresas que pesaram no resultado total. Sem elas, o lucro das empresas aumentaria em 21%, em vez de cair. O lucro recorde de R$ 40 bilhões da Petrobras teve um peso importante para melhorar esse resultado.
A exportadora de papel de celulose Suzano somou perdas financeiras de R$ 2,8 bilhões no ano passado, afetada principalmente pela queda nos preços de seu produto no exterior. Já a mineradora Vale teve um prejuízo de R$ 6,6 bilhões (US$ 1,68 bilhão) em 2019, como consequência da tragédia de Brumadinho que paralisou sua produção e tirou seu posto de principal produtora de minério de ferro do mundo.
“O resultado ruim ficou concentrado em poucas empresas. O balanço destas duas gigantes deixou a amostra menos adocicada”, avalia Luiz Guilherme Dias, CEO da Sabe Invest. Segundo ele, os números que ainda serão divulgados em março devem trazer novos insights.
Este mês, são esperados os resultados de companhias como BRF (BRFS3), B3 (B3SA3), BR Distribuidora (BRDT3), Eletrobras (ELET6), Via Varejo (VVAR3) e JBS (JBSS3).
Impacto do coronavírus
Os primeiros impactos negativos da disseminação do coronavírus nas empresas só serão conhecidos nas divulgações dos balanços do primeiro trimestre, em maio.
Dias acredita que as companhias ligadas ao consumo interno devem preservar um desempenho positivo, enquanto as mais prejudicadas devem ser as empresas de viagens, commodities e siderúrgicas.
Em fevereiro, as ações de empresas aéreas e de turismo lideraram as perdas na bolsa brasileira, impactadas pela expectativa de uma redução no fluxo de passageiros e turistas por conta da doença.