Negócios
Programa de foguetes da Boeing pode ‘ir para o espaço’
Segundo fontes, executivos avaliam vender ou fechar divisões que não gerem lucro imediato
A empresa de aviação Boeing está ponderando as opções para o futuro do problemático programa de cápsulas espaciais Starliner como parte de uma ampla revisão de portfólio sob o comando do novo CEO Kelly Ortberg, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.
A avaliação está em um estágio inicial e nenhuma decisão sobre o desinvestimento do programa Starliner foi tomada, disse a pessoa, que pediu para não ser identificada por estar discutindo informações não-públicas. A empresa poderia decidir manter o negócio.
A Boeing não está atualmente buscando a venda de suas operações espaciais mais amplas ou a liberação dos contratos da NASA relativos à Estação Espacial Internacional e ao Sistema de Lançamento Espacial, o enorme foguete destinado a levar os astronautas americanos de volta à Lua.
Por e-mail, um porta-voz da companhia informou que a Boeing não comenta rumores ou especulações de mercado.
LEIA MAIS: Boeing busca US$ 35 bilhões em meio à greve que prejudica suas finanças
A venda da Starliner liberaria a Boeing de um programa profundamente problemático que já acumulou custos acima de US$ 1,8 bilhão. Este valor inclui os US$ 250 milhões gastos no terceiro trimestre deste ano após um teste de voo malfeito que deixou dois americanos presos na Estação Espacial por meses.
A revisão do Starliner ocorre no momento em que Ortberg trabalha para pôr fim a uma greve trabalhista de seis semanas que paralisou a produção dos principais aviões a jato, incluindo sua principal fonte de receita, o 737 Max.
A paralisação dos trabalhos evidencia os desafios financeiros da empresa, cuja classificação de crédito está prestes a virar lixo e o agravamento da queima de caixa que, segundo a empresa, se estenderá até 2025.
LEIA MAIS: Embraer estuda novo jato concorrente ao 737 da Boeing, diz CEO
O CEO da Boeing disse que deseja concentrar os recursos nas divisões de defesa e de aeronaves comerciais e que busca simplificar seu amplo portfólio. Ortberg iniciou uma revisão dos negócios da companhia que ele espera concluir até o final do ano, disse ele no início desta semana.
“É melhor fazermos menos e melhor do que fazermos mais e não fazermos bem”, disse Ortberg na teleconferência de resultados da Boeing em 23 de outubro.
Mesmo antes do último contratempo, o futuro da Starliner não estava evidente para além de meia dúzia de missões à Estação Espacial Internacional. E como a Starliner sofreu vários atrasos, a cápsula Crew Dragon, rival da SpaceX, fez 43 visitas à estação espacial desde 2019, transportando tripulação e carga para a NASA.
Um afastamento de seus negócios espaciais marcaria uma grande mudança para uma empresa que tem sido parte integrante da história de exploração dos Estados Unidos além da atmosfera. A linhagem da Boeing se estende por mais de 50 anos até o Saturn V, que enviou homens à Lua pela primeira vez, e hoje inclui a construção de satélites, o avião espacial clandestino X-37B, o foguete lunar SLS e o gerenciamento da ISS.
No entanto, na última década, a Boeing ficou muito atrás dos grandes saltos tecnológicos dados pela SpaceX de Elon Musk e por outras empresas do “novo espaço” que defenderam a tecnologia de foguetes reutilizáveis. A estação espacial está às portas da aposentadoria, e a Boeing e a Lockheed Martin Corp. também têm procurado um comprador para sua joint venture United Launch Alliance no último ano.
Veja também
- A ascensão do C-390: como o cargueiro militar se tornou uma grande cartada da Embraer
- Boeing começa a emitir avisos de demissão para trabalhadores
- Após acordo com a Suécia, Embraer vê potencial no mercado dos EUA para C-390
- Trabalhadores da Boeing aceitam proposta, e greve nos EUA chega ao fim
- Brasil atrai Shell e Mubadala com combustível limpo de aviação