"Somos muito isolados" e "não nos comunicamos através das fronteiras", disse o presidente-executivo da Boeing, Kelly Ortberg, aos funcionários na quarta-feira. O executivo usou a reunião para fazer um diagnóstico dos problemas do conglomerado aeronáutico, em um momento no qual a companhia luta para sair de uma crise.
A empresa perdeu quase US$ 12 bilhões em 2024 e tem lutado para estabilizar a produção de seus 737 MAX, 787 e vários programas de defesa, incluindo dois substitutos para o avião presidencial dos Estados Unidos, o Força Aérea Um.
As equipes da empresa, que também inclui divisões de aviões comerciais e serviços globais, "não trabalham umas com as outras tão bem quanto poderiam", disse ele, de acordo com a transcrição do encontro vista pela Reuters. "E o poder da Boeing está no fato de todos nós remarmos o barco juntos."
A Boeing não quis comentar suas falas.
Ortberg disse que uma mudança cultural com uma empresa mais aberta, na qual os trabalhadores sejam incentivados a se manifestar e a se comunicar com todas as divisões, aumentaria o moral da empresa, que tem mais de 160.000 funcionários em todo o mundo, e "os resultados aparecerão no mercado".
Ortberg, que assumiu o cargo de presidente-executivo em agosto, disse em uma outra ocasião que a empresa perdeu seu status "icônico" e que para resolver seus problemas de segurança e qualidade seria necessário mudar a cultura da Boeing.
Ele afirmou na quarta-feira que seu diagnóstico dos problemas da Boeing foi informado, em parte, por um grupo de trabalho sobre cultura composto por funcionários de toda a empresa que estava analisando seus valores e, "provavelmente mais importante", os comportamentos da empresa.
Ortberg disse que planeja elaborar um plano de ação baseado, em parte, em uma pesquisa com funcionários realizada em fevereiro, que recebeu respostas de 82% da equipe.
Sobre os resultados, ele disse: "Acho que eles serão brutais com a liderança, francamente".
Em outubro, Ortberg anunciou planos para reduzir em 10% a força de trabalho da empresa, que na época era de cerca de 170.000 pessoas. A Boeing emitiu pelo menos 5.000 avisos de demissão nos EUA, principalmente em novembro e dezembro, com base em registros disponíveis publicamente.
Na quarta-feira, Ortberg elogiou o compromisso dos funcionários da Boeing com a empresa em seus anos de dificuldades.
Por Dan Catchpole