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BrasilAgro ‘pagou caro’ por fertilizante antecipado e não se arrepende, diz CEO

André Guillaumon explica por que considera decisão ‘totalmente acertada’, mas reconhece preocupações no cenário à frente.

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Antes mesmo da invasão da Ucrânia, o conflito já era um sinal de alerta para o agronegócio brasileiro. Afinal, o país depende dos fertilizantes importados da Rússia e Bielorússia, países envolvidos no confronto. Naquele cenário, a BrasilAgro (AGRO3) decidiu antecipar a compra de fertilizantes. Pagou muito mais caro, elevou os custos, pressionou as margens. E não se arrepende. 

É o que disse André Guillaumon, CEO da companhia, em entrevista exclusiva ao InvestNews. “Lá atrás, quando a gente estava com medo desse problema com a Bielorrússia, nós fomos ao mercado e compramos 100% do potássio. (…) Óbvio que nós pagamos muito mais caro do que no ano passado. Muito mais caro. Mas se eu olho para trás, a decisão foi totalmente acertada. Está ainda mais caro agora.”

Mas, apesar de a empresa ter se antecipado na compra de fertilizantes, Guillaumon reconhece que a incerteza sobre o desfecho da guerra na Ucrânia ainda é um problema no radar. “Nós não vamos passar imunes por essa falta de fertilizantes, eu garanto. Alguns mais, outros menos, mas isso vai afetar todo o setor”, afirma. 

Quais culturas devem sofrer mais?

Guillaumon explica que alguns produtos agrícolas podem ser mais afetados que outros pelo tipo de fertilizante utilizado em sua cultura. A produção de soja, por exemplo, pode sofrer menos do que a de milho e, consequentemente, a pecuária e a de aves

“A planta utiliza três macronutrientes: o nitrogênio, o fósforo e o potássio. Em diferentes culturas, você tem mais de um ou mais de outro. O Brasil importa mais de 90% do seu potássio. Nitrogênio, mais de 80%. No fósforo que a relação é um pouco mais equilibrada. A gente tem pouco mais de 50%. A gente tem uma produção nacional de fósforo”, expõe o executivo. 

“Soja não usa nitrogênio, precisa de fósforo e potássio no solo. Já a ultura do milho precisa de nitrogênio”, diz. “Não que a soja não precise, mas ela tem uma capacidade de sintetizar nitrogênio atmosférico. Essa é a grande vantagem, porque, se não, a gente estaria num mato sem cachorro, porque teria uma demanda ainda maior de nitrogênio.”

Impactos para a empresa

Sobre a situação da BrasilAgro, o CEO expõe as preocupações. A principal delas é a disponibilidade para a safra de verão. 

“Nós tomamos 100% da posição de cloreto de potássio nos meses de janeiro e fevereiro. Já compramos e pagamos esse fertilizante. Já tomamos posições de grande parte do fertilizante nitrogenado. O nitrogenado para o início da cultura de cana de açúcar, muito relevante para a companhia, compramos quase 30%. Já compramos 100% do fosfatado e potássio que utilizamos em fevereiro, março e abril para plantio de cana”, lista Guillaumon. 

“A preocupação que nos resta é o fosfatado da safra de verão. Isso é um desafio enorme que todo o setor tem.” 

Para a empresa, o impacto imediato desse aumento de custos pelos fertilizantes é a redução da margem de lucro. 

Mas há ainda outra questão importante no radar: o aumento dos preços das commodities agrícolas no mundo todo. Ainda que esse efeito seja reduzido pela queda do dólar sobre o real, Guillaumon conta que a empresa já está vendendo parte da produção prevista para aproveitar a alta das commodities. 

“O aumento do preço da commodity ainda é maior que a queda do câmbio. Em termos de preços nominais da commodity, ela está valendo mais”, explica.

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