BRF e Marfrig pedem que Cade acelere fusão e dizem que rivais tumultuam processo

Empresas querem que o Cade retome o rito sumário da incorporação e acusam Minerva e fundo Latache de tentar atrasar a aprovação

Na véspera da assembleia que deverá sacramentar a fusão entre BRF e Marfrig, as empresas recorreram ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para tentar acelerar a autorização do negócio.

Em ofício à autarquia nesta segunda-feira (4), as companhias pediram que o órgão reconsidere a recomendação do presidente do Cade de que o caso seja analisado em rito ordinário e permaneça como rito sumário, que permite aprovação mais rápida da operação.

Segundo as empresas, a incorporação das ações da BRF pela Marfrig não altera o controle, já exercido pelo empresário Marcos Molina, e lembra que a relação entre as companhias já foi avaliada três vezes pelo Cade. Para elas, a mudança de rito atrasaria uma operação que já recebeu sinal verde de acionistas minoritários — mais de 90% dos votos à distância foram favoráveis à criação da MBRF Global Foods na assembleia de acionistas, marcada para esta terça-feira (5) após dois adiamentos.

O documento, assinado pelo escritório Mudrovitsch Advogados, também rebate críticas da Minerva Foods e do fundo Nova Almeida, gerido pela Latache Capital. Marfrig e BRF afirmam que o fundo atua de forma “extemporânea”, repetindo argumentos da concorrente para “tumultuar o processo”.

As companhias ainda reforçaram que o fundo soberano saudita Salic, voltado à segurança alimentar do país, é apenas investidor financeiro passivo, sem ingerência na gestão de BRF ou Marfrig. O fundo detém 11,03% da BRF e 24,49% da Minerva, e poderia passar a ter participação indireta na Marfrig caso as ações da BRF sejam incorporadas.

Segundo as empresas, qualquer eventual aumento de influência da Salic seria analisado em ato de concentração separado, se ocorrer, e não representa risco imediato de alinhamento entre concorrentes. A tese de risco concorrencial por “propriedade cruzada”, levantada por Minerva e pelo fundo Latache, foi classificada como hipotética e insuficiente para travar a operação.

O caso segue no Tribunal do Cade, que ainda não deu prazo para decisão final.

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