O Brasil, que já exporta três em cada dez sacas de café comercializadas globalmente, está plantando mais árvores para aumentar a produção. O plantio, aliado à melhora da produtividade, deve adicionar 23 milhões de sacas de café à produção brasileira na próxima década, segundo a comercializadora Louis Dreyfus Co. A medida também deve impulsionar as exportações de grãos, que no ano passado ultrapassaram 46 milhões de sacas, cada uma pesando 60 quilos.
O Brasil já plantou 300 milhões de novas mudas de robusta em 2025, segundo dados compilados pela StoneX. Embora leve três anos para que as árvores comecem a produzir significativamente, essa quantidade tem o potencial de aumentar a produção em 2 milhões de sacas.
“O Brasil é um lugar onde há terra disponível e o café pode ser produzido de forma sustentável”, disse Charles Chiapolino, chefe de pesquisa de café da Dreyfus, durante uma conferência em Campinas, estado de São Paulo.
É um sinal encorajador em um mercado onde vários anos de geadas e secas nos principais países produtores causaram uma redução significativa nos estoques globais.
O aumento da produção também pode ajudar a reduzir a pressão sobre os preços. Apesar da queda recente, os preços futuros das variedades de café arábica e robusta permanecem historicamente altos.
A maioria das novas plantações no Brasil concentra-se no robusta, o tipo de grão usado em cafés instantâneos e expressos. Isso depois de uma alta de cerca de 40% nos contratos futuros de robusta nos últimos dois anos, que aumentou a renda dos produtores.
Expansão do café
No Espírito Santo, principal estado produtor de robusta, agricultores em municípios que não são áreas tradicionais de cultivo de café começaram recentemente a plantar árvores, informou Luiz Carlos Bastianello, presidente da cooperativa Cooabriel. “Essas novas plantações de café são irrigadas e estão substituindo pastagens no norte do estado”, disse ele.
A expansão do Brasil ocorre em um momento em que se espera um crescimento da demanda global por robusta, especialmente em países asiáticos como Indonésia e China. Esses são lugares onde os consumidores estão desenvolvendo o hábito e onde o café instantâneo está ganhando popularidade.
Ainda assim, o aumento da produção no Brasil pode ter um lado negativo. “Como o café está sendo plantado hoje, em três anos poderemos ter um choque” de oferta, disse Oscar Schaps, presidente da divisão para a América Latina da StoneX.