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Casas Bahia fracassa em follow-on e levanta R$ 622 milhões; ação despenca

Varejista planejava arrecadar R$ 981 milhões. Papel foi precificado por R$ 0,80.

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O Grupo Casas Bahia, conhecido anteriormente como Via e que terá o ticker da ação trocado para BHIA3, levantou R$ 622 milhões com uma oferta primária de ações na quarta-feira (13). O follow-on da companhia ficou abaixo dos R$ 981 milhões previstos.

O mercado reage à notícia com forte queda das ações, que na mínima do dia chegaram a despencar mais de 31%, a R$ 0,76. Às 16h10, a ação recuava 17%, a R$ 0,92.

Os papéis recuaram 96% desde a máxima atingida em 2020, quando dispararam em meio ao salto do comércio eletrônico impulsionado pela pandemia. O tombo desde então eliminou cerca de R$ 32 bilhões em valor de mercado, segundo informações da Bloomberg.

Loja das Casas Bahia, da Via Varejo, no Rio de Janeiro (RJ) 04/12/2009 REUTERS/Sergio Moraes

O valor levantado com o follow-on deve ser usado para reforço do capital de giro e renegociação de dívidas da companhia que chegam a R$ 4,5 bilhões.

A oferta foi precificada a R$ 0,80 real por ação, desconto de quase 28% em relação ao preço de fechamento do papel na quarta-feira (13) de R$ 1,11.

Foram emitidas 778.649.283 novas ações ordinárias da varejista. O novo capital social da companhia passará a ser de cerca de R$ 5,4 bilhões, dividido em 2.377.080.572 ações.

Do preço por ação de R$ 0,80, o valor de R$ 0,40 vai ser destinado à conta de capital social da companhia e o valor remanescente de R$ 0,40 à formação de reserva de capital, em conta de ágio na subscrição de ações.

Repercussão

De acordo com a Guide Investimentos, o efeito da operação do follow-on foi negativo “de modo que o preço das ações deve convergir para o preço da oferta”.

Já para analistas da Levante, o processo de captação obteve um sucesso parcial. Apesar de o valor ter ficado abaixo do esperado, a casa de análise diz que a empresa deve ganhar fôlego para concluir a travessia pelo ciclo de juros altos que vem afetando o comércio brasileiro.

Em comentário enviado antes do follow-on, Lucas Lima, analista da VG Research, disse que o momento escolhido pela empresa para captar os recursos no mercado não fazia sentido.

Acreditamos que não era momento de anunciar, e acho que a Via está apenas testando o mercado. Não faz sentido pedir dinheiro do mercado com a empresa num momento ruim em termos de resultados e a cotação lá embaixo. Não existe confiança do mercado hoje em relação a Via

Lucas Lima, analista da VG Research

Companhia em dificuldades

Com endividamento crescendo e prejuízo aumentando, o Grupo Casas Bahia tenta levantar recursos no mercado, mas especialistas seguem pessimistas. Na última sexta-feira (8), a agência de classificação de risco S&P Global anunciou o corte da nota de crédito da empresa de brAA-  para brA- com perspectiva negativa, citando alavancagem acima do esperado. 

O relatório da S&P aponta fatores como “desafios estruturais significativos de médio e longo prazo” para o varejo, em um cenário com “menor renda disponível da população brasileira, as taxas de juros ainda em patamares elevados e a alta competitividade no setor”. Esses pontos, combinados, podem continuar sendo um desafio para a desalavancagem da empresa durante os próximos anos, segundo a agência.

O rebaixamento da empresa pela agência afeta também os investidores que têm Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) do grupo Casas Bahia. Eles agora devem decidir se declaram o vencimento antecipado das notas devido ao corte.

O papel da varejista vem se destacando entre os piores desempenhos do Ibovespa. A empresa vem acumulando prejuízos há 4 trimestres consecutivos, em resultados negativos que só pioram. No segundo trimestre de 2023, o prejuízo foi de R$ 492 milhões, contra R$ 297 milhões nos meses anteriores. 

Em meio às dificuldades, a empresa divulgou ao mercado um plano de reestruturação com menos estoques e outras medidas que, de maneira geral, têm sido bem vistas pelo mercado. “Observamos como positivo o plano de reestruturação que está em curso, onde a companhia planeja sua transformação com foco no ano de 2025, com duas frentes estratégicas: melhorias operacionais e reestruturação de capital”, diz a Levante.

No entanto, os especialistas da casa acrescentam que “a companhia enfrenta problemas de liquidez, alto endividamento e dificuldades em gerar caixa”.

Em meio aos esforços para melhorar a situação da empresa, foi anunciada uma nova mudança de nome. Cerca de 2 anos após a mudança de de Via Varejo para apenas Via, foi anunciada na terça-feira (12) uma nova alteração pela empresa, que passa a se chamar agora Grupo Casas Bahia. 

Novas ofertas de ações

A companhia também aprovou a emissão de quatro bônus de subscrição para cada cinco novas ações adquiridas na oferta. Caso a totalidade dos bônus de subscrição seja emitida e exercida, o montante total captado pela companhia por meio da oferta vai ser de R$ 1.121.254.967,20.

As ações da oferta e os bônus de subscrição passarão a ser negociados na B3 a partir da próxima segunda-feira (18).

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