Preços do cobalto disparam após o Congo proibir exportação por 3 meses

País africano, que produz cerca de três quartos do cobalto mundial, afirmou que a suspensão do cobalto continuaria devido ao alto nível de estoque

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Os preços e as ações do cobalto dispararam na China depois que a República Democrática do Congo estendeu sua proibição de exportação até setembro, restringindo o fornecimento da matéria-prima usada em ligas e baterias.

O país africano, que produz cerca de três quartos do cobalto mundial, afirmou no sábado que a suspensão continuaria devido ao alto nível de estoque no mercado. Isso ocorre após uma paralisação inicial de quatro meses iniciada em 22 de fevereiro.

Os preços do cobalto subiram até 12% na Bolsa de Aço Inoxidável de Wuxi nesta segunda-feira (23), antes de reduzir os ganhos para cerca de 9%. Em Shenzhen, a produtora chinesa Nanjing Hanrui Cobalt fechou com alta de 9%, enquanto a Ganzhou Teng Yuan Cobalt New Material subiu 15%. A Zhejiang Huayou Cobalt subiu 6% em Xangai.

“É provável que vejamos um pico inicial de preços, mas a pressão real virá no final do ano, à medida que os estoques intermediários começarem a secar”, disse Thomas Matthews, analista de materiais para baterias do CRU Group. “Resumindo, apertem os cintos.”

Preços do cobalto

A suspensão original já havia causado um abalo na cadeia de suprimentos. Na semana passada, os preços à vista do hidróxido de cobalto, a principal forma do metal produzido no Congo, dobraram, segundo dados da Fastmarkets, enquanto os preços de referência do metal subiram quase 60%.

A oferta restrita da matéria-prima pesou sobre as margens de proveniência na China, e a suspensão prolongada provavelmente aumentou a pressão. A produção de cobalto metálico da China caiu um quarto em maio em relação ao mês anterior e deve cair novamente em junho, informou Beijing Antaike Information.

O Congo exerce maior influência sobre o mercado, mas analistas alertaram que controles muito rigorosos e preços em alta podem acelerar a mudança dos fabricantes para baterias de veículos elétricos que não utilizam o metal. O governo afirmou que avaliará sua política antes do fim da suspensão mais recente e “modificará, ampliará ou encerrará” a proibição, de acordo com seu comunicado.

A extensão “é mais longa do que o mercado havia previsto”, já que a maioria dos participantes do setor esperava um mês adicional, seguido pela introdução de cotas para exportações de cobalto, afirmou a empresa especializada Darton Commodities em nota. “A proibição de exportação ressalta a natureza imprevisível do mercado de cobalto e pode levar os consumidores a se afastarem do metal como matéria-prima.”

O maior produtor mundial de cobalto, o chinês CMOC Group afirmou nesta segunda-feira que a proibição de exportação não causará impacto substancial no desempenho da empresa, acrescentando que suas duas minas no Congo estão operando e produzindo normalmente.

“Dado o tempo de trânsito de 2 a 3 meses, pouco material atualmente na República Democrática do Congo chegará à China até o final do ano”, disse Matthews, da CRU. Ainda assim, a proibição atual pode não se esgotar, e a chegada de cotas de exportação em algum momento ainda parece provável, disse ele. “Isso pode remodelar a oferta global em um futuro próximo.”

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