Negócios
AgroGalaxy pede recuperação judicial – crescimento acelerado e grãos pesaram na conta
Com R$ 1,5 bilhão em dívidas, empresa não resistiu ao ciclo de baixa das commodities agrícolas
A AgroGalaxy, uma das principais redes de revenda de insumos agrícolas do país, anunciou nesta quarta-feira (18) que ingressou com um pedido de recuperação judicial – o processo está em segredo de justiça. A empresa, listada na B3, encerrou o segundo trimestre deste ano com uma dívida líquida de R$ 1,5 bilhão.
A empresa já havia surpreendido o mercado nesta manhã com uma debandada na sua diretoria e conselho de administração. Axel Labourt, então CEO, renunciou em conjunto com outros cinco conselheiros – entre eles Welles Pascoal, experiente executivo do setor que ajudou a criar a AgroGalaxy e foi CEO por duas ocasiões.
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No comunicado ao mercado, o novo CEO, Eron Martins, disse que a AgroGalaxy tentou, de todas as formas, evitar recorrer à Justiça, mas a medida é necessária para proteger o negócio e, mais importante, permitir que a empresa siga trabalhando lado a lado com os agricultores”. Também afirmou que a empresa irá adotar medidas para a redução de custos.
Ritmo acelerado
Criada pela gestora de private equity Aqua Capital em 2016, a AgroGalaxy foi uma das que encamparam a tese de consolidação da venda de sementes, fertilizantes e agrotóxicos com quase uma dezena de aquisições em ritmo acelerado, especialmente no ciclo entre 2020 e 2021, período de juros baixos e avaliações de mercado (“valuation“) mais acentuados. Sua principal rival na tese é a Lavoro, do Pátria Investimentos.
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A estratégia funcionou nos primeiros anos e a companhia abriu seu capital na bolsa em 2021, levantando R$ 350 milhões, o valor mínimo previsto na operação. Porém, a AgroGalaxy vinha há pouco mais de um ano sofrendo com o ciclo negativo das commodities agrícolas (leia-se soja e milho), o que significou menos compras dos agricultores do país.
Prejuízo de R$ 612 mi
Prova disso foi o recuo de 42,6% da receita líquida do grupo no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado, o que ajudou a empresa a encerrar o período com prejuízo líquido de R$ 612,1 milhões.
Outro dado que chama a atenção é que a empresa encerrou o primeiro semestre com geração de caixa negativa em R$ 156 milhões, indicando que não haveria liquidez para quitar suas obrigações — o que também ajuda a explicar o pedido de recuperação judicial desta quarta-feira (18).
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