Negócios
De mel a açaí, marcas brasileiras fazem ‘negócio da China’ junto a gigantes
Maior feira de importação chinesa recebeu pesos pesados como Vale, Suzano e frigoríficos na CIIE.
Mais de 20 empresas brasileiras desembarcaram no outro lado do mundo no início de novembro para fazer um “negócio da China”. Entre 5 e 10 de novembro, exportadoras de iguarias nacionais – como mel, café e açaí – se juntaram a pesos pesados como Vale (VALE3), Suzano (SUZB3) e frigoríficos para “vender seu peixe” na maior feira chinesa de importação.
A Exposição Internacional de Importação da China (CIIE, na sigla em inglês) recebeu marcas brasileiras pela sexta vez seguida. Desde a primeira edição, em 2018, o Brasil sempre esteve presente no evento multisetorial, mesmo quando houve limitações por causa da pandemia.
Já na primeira edição, liderada pelo Ministério do Comércio da China em parceria com organismos internacionais, a feira chinesa de importação recebeu exportadores de mais de cem países e 150 mil compradores. Um ano depois, em 2019, este número saltou para mais de 500 mil visitantes e 3.800 expositores.
As edições de 2020 e 2021 foram marcadas por forte restrição, devido às medidas de combate ao coronavírus na China, no âmbito da política de covid zero. No ano passado, o Brasil levou cerca de 15 empresas à quinta edição da CIIE, gerando US$ 42 milhões em negócios imediatos e contratos futuros.
Neste ano, porém, é a primeira vez desde a reabertura da fronteira do país asiático com o mundo, em janeiro, que a feira chinesa de importação volta a contar com a presença de visitantes ilustres, como chefes de Estado. Aliás, a própria delegação brasileira conta com representantes dos governos estaduais de Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins, entre outros.
Made in Brazil
A participação de empresas brasileiras na CIIE busca consolidar o Brasil como um dos principais exportadores mundiais de alimentos para a China, maior parceiro comercial do país. A expectativa é que a presença na CIIE 2023 gere US$ 120 milhões em negócios, entre acordos imediatos e contratos firmados ao longo dos próximos 12 meses.
“Participar da CIIE é uma excelente oportunidade. Primeiro porque reforça a presença do Brasil em um dos maiores mercados consumidores do mundo; segundo porque, ao exporem ali, as empresas não somente estão em contato direto com o público chinês, como também podem se aproximar de profissionais especializados e potenciais parceiros de negócio”, ressalta o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana.
Estudos da agência brasileira indicam oportunidades de negócios para os produtos consolidados da pauta exportadora brasileira, como soja, minério de ferro, petróleo e celulose. Além disso, a ApexBrasil vê condições favoráveis para ampliar as vendas de itens nacionais como milho, aço, cobre, café, madeira, algodão, carne suína e amendoim.
Por isso, a agência brasileira ajuda a promover os produtos e serviços de empresas nacionais no exterior e atrair investimentos externos para setores estratégicos da economia brasileira. A ApexBrasil atua em parceria com os ministérios da Agricultura e Pecuária (MAPA) e das Relações Exteriores (MRE).
Modelo B2C
A CIIE tem uma característica B2C, ou seja, para modelos de negócios em que uma empresa vende seu produto ou serviço diretamente ao consumidor final. A feira é voltada para empresas que já possuem comercialização no mercado chinês, visando divulgar a imagem e seus produtos para o público no país com 1,4 bilhão de habitantes.
Segundo a ApexBrasil, 23 empresas nacionais do ramo de alimentos e bebidas expuseram na feira deste ano em estandes individuais. Cada uma delas teve à disposição cozinha coletiva e depósito para amostras de produtos como carnes, mel e própolis, vinhos e espumantes, café e mate, sucos e açaí.
Entre os nomes, estão desde marcas conhecidas dos investidores, como os frigoríficos JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3), ou na mesa de muitos brasileiros, como o Café 3 Corações, o Vinho Salton e Maguary (EBBA). Para servir, a Tramontina levou seus utensílios à mesa e a Grendene (GRND3), o conforto nos pés dos chineses.
Pequenas e médias empresas iniciaram sua jornada exportadora na feira deste ano. É o caso do Apiário Adams e da Apis Nativa, que investem na produção de apicultura, e da fabricante de sidra CRS Brands ou de açaí Petruz Fruity, além dos frigoríficos Bon-Mart e Humaitá, que buscam competir com grandes rivais.
Aliás, os chineses apreciaram degustação de cafés brasileiros e coquetéis elaborados com ingredientes nacionais durante o Brazilian Coffee Experience e o Brazilian Drinks Experience. Outra atividade foi o Brazilian Culinary Showcase, com um cardápio tradicional da culinária e suas especialidades regionais, como feijoada e pão de queijo.
Além disso, a ApexBrasil também apoiou a exposição de 19 startups brasileiras voltadas a uma área dedicada especialmente à inovação e tecnologia.
Outras 11 empresas brasileiras participaram de forma independente. É o caso da Vale. A mineradora está celebrando 50 anos do primeiro embarque de minério de ferro para a China e montou um “túnel do tempo” em seu estande próprio para contar essa história.
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