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Eletrobras: chegada de Haiama anima, na contramão da saída de ex-CEO

Foi a segunda renúncia na diretoria da empresa em um mês; preço da energia também está no foco do mercado.

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Pouco mais de um mês depois de Wilson Ferreira Jr. ter renunciado ao cargo de executivo-chefe (CEO) da Eletrobras, uma nova renúncia movimenta a diretoria da elétrica. Desta vez, porém, a troca é bem recebida pelo mercado. 

Os investidores comemoram a chegada de Eduardo Haiama para ser o novo CFO da Eletrobras após a renúncia de Elvira Presta. As ações da Eletrobras (ELET3; ELET6) foram o maior destaque de alta no Ibovespa na terça-feira (26), chegando a subir 4% no pregão. 

Sede da Eletrobras 3/01/2019 REUTERS/Pilar Olivares

“Tal movimento de alta pode decorrer de algumas mudanças no Conselho de Administração da companhia”, afirma Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, referindo-se ao anúncio do novo vice-presidente da Eletrobras. 

Já o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, acrescenta que esse comportamento das ações da Eletrobras se dá em função do histórico de Haiama. Afinal, ele já foi diretor financeiro (CFO) da Equatorial (EQTL3) e, mais recentemente, da Yduqs (YDUQ3).

Bom legado

Vale lembrar que, pelo mesmo motivo, a reação à época da saída de Wilson Ferreira Jr. foi em direção contrária, em meio à surpresa com a saída dele. Apenas o governo federal foi surpreendido novamente com a mudança. 

O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou a gestão da Eletrobras e pediu “mais respeito” da empresa com a União. Já o ânimo do mercado reflete mais a percepção positiva com a experiência de Haiama do que com a atuação de Elvira no cargo. 

Em especial, devido ao trabalho do executivo em outra empresa de energia, onde entregou resultados consistentes.

“O mercado acolhe bem a nomeação dele, pois é visto como preparado para continuar o trabalho de Elvira e continuar com a proposta de redução de custos, responsabilidade na gestão, otimizações fiscais, entre outros”

JP Morgan

Ao longo de 11 anos na Equatorial, Haiama teve um papel central no processo de desalavancagem e nas operações de fusões e aquisições. Entre 2008 e 2019, ele foi bem sucedido em cases de sucesso de turnaround no segmento de distribuição, lembra o JPMorgan, em relatório. 

Haiama estava fora do setor de energia desde então. Além disso, ele já trabalhou com executivos do 3G, o grupo de controle, que parece ter sido pivô das divergências de Ferreira Jr. com o conselho da Eletrobras, a quem Elivra era mais alinhada. 

A posse de Haiama ainda não tem data. Até lá, o vice-presidente de estratégia e desenvolvimento de negócios, Élio Wolff, acumulará as funções. Já a presidência da Eletrobras passou a ser ocupada por Ivan Monteiro, ex-CEO da Petrobras (PETR3 e PETR4) e ex-CFO do Banco do Brasil (BBAS3). 

“Inevitavelmente, parte do brilho do case da Eletrobras residia no fato de Wilson Ferreira Jr. estar sentado na cadeira de CEO da empresa. Ivan é conhecido por ser um executivo com maior conhecimento financeiro do que Wilson, que fez carreira no setor elétrico”

analistas da Genial Vitor Souza e Israel Rodrigues, em relatório

Para os analistas da Genial, o bom trabalho feito por Ferreira Jr. durante o tempo em que presidiu a empresa em sua segunda passagem, colocando a Eletrobras na direção correta para realização do processo de turnaround da empresa e a boa relação que novo CEO tem com o governo podem render “bons frutos” a serem “colhidos no futuro próximo”.

Preço de energia

Os investidores também reagem de forma positiva ao aumento dos preços para contratação de energia no mercado livre, apesar da grande oferta, que não vem sendo acompanhada pela demanda. Ainda assim, a Eletrobras é uma das empresas mais beneficiadas, por ser a mais exposta a esse segmento.

Apesar de 2022 ter sido um ano marcado por chuvas fortes e nos lugares corretos, o que elevou o nível dos reservatórios para a faixa de 80%, o ano de 2023 não está sendo diferente, com o volume útil dos reservatórios atingindo o maior nível em 20 anos, acima de 90% em junho. Ou seja, afastou-se o risco de racionamento, diminuindo o preço de energia.

Mesmo com as chuvas, os preços estão voltando a subir, diante da percepção de que já chegaram a um piso. As temperaturas elevadas dos últimos dias no Brasil também impactaram as expectativas do mercado. Para a Genial, mesmo com a hidrologia permanecendo favorável, os preços de energia tendem a subir no longo prazo.

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