“Por enquanto, não temos nenhum problema de cancelamento, mas, no médio prazo, isso pode acontecer”, afirmou o presidente-executivo Francisco Gomes Neto em entrevista à Bloomberg Television neste domingo, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com Donald Trump.
Segundo Gomes Neto, a continuidade das tarifas seria ruim também para a indústria americana. “Se produzirmos menos aviões, compraremos menos equipamentos dos Estados Unidos. É por isso que o fim das tarifas é importante.” O executivo estimou que a medida poderia aumentar em até US$ 2 milhões o custo de cada aeronave.
A fabricante calcula um impacto tarifário de cerca de US$ 80 milhões neste ano, valor equivalente ao lucro líquido do segundo trimestre. A empresa chegou a ter parte de seus produtos e peças isentos das sobretaxas impostas por Washington, mas ainda sente os efeitos das barreiras comerciais.
Gomes Neto disse também que a companhia mantém uma carteira de pedidos de US$ 31 bilhões, o maior nível em nove anos.
Neste domingo, os presidentes Lula e Donald Trump conversaram por 45 minutos. Lula pediu a suspensão das tarifas durante o processo de negociação, enquanto o presidente norte-americano afirmou acreditar que os dois países poderão chegar a “bons acordos” em breve.
Para a Embraer, o resultado dessas conversas pode ser decisivo. As tarifas elevam o custo dos aviões brasileiros e afetam planos de investimento, como os US$ 500 milhões previstos para uma nova linha de montagem nos Estados Unidos, que criaria cerca de 2,5 mil empregos caso o cargueiro militar KC-390 seja escolhido pelo governo americano. Outros US$ 500 milhões estão destinados à expansão das fábricas no Brasil nos próximos cinco anos.
Apesar das incertezas, Gomes Neto afirmou que a empresa mantém forte crescimento nos lucros e segue “com um plano robusto para o próximo ano”.
