
A Maserati abriu mão dos planos de produzir seu primeiro carro 100% elétrico — que tinha o lançamento marcado para este ano. Era para uma versão do MC20, um superesportivo que existe desde 2020 no mundo dos carros a combustão, com motor de 630 cavalos e US$ 262 mil na etiqueta de preço.
A montadora, que é uma das 14 marcas do Grupo Stellantis (Fiat, Jeep, Dodge…), justificou-se com uma pesquisa de mercado. Disse que, de acordo com o levantamento, os cientes desse nicho “não estão dispostos a mudar para um 100% elétrico num futuro vislumbrável”.
Fato é que a chegada de versões elétricas dos esportivos mais tradicionais estão com o freio de mão puxado.
A Porsche é pioneira nessa área. Lançou seu primeiro superesportivo 100% elétrico, o Taycan, em 2019. Com o sucesso inicial do carro, o mercado passou a especular que dois modelos tradicionais da montadora de Stuttgart, o 718 Boxter e o 718 Cayman, deixariam de ter motor a combustão até o meio da década.
O meio da década já chegou, e não existe a expectativa de que a Porsche abandone os motores a combustão na linha 718 — na 911, a mais icônica, isso nunca foi sequer cogitado.
O caso mais emblemático, de qualquer forma, é o do Tesla Roadster (a versão nova, que sucederia a de 2007). Ele foi apresentado há 8 anos, na forma de protótipo. Chegaria às lojas em 2020. E até agora nada. A Tesla segue prometendo a jóia. Mas, por enquanto, a coisa é apenas o carro mais rápido do mundo que foi sem nunca ter sido: sua marca registrada, para quando entrasse em produção, seria fazer de zero a 100 km/h em menos de 1 segundo.
Enquanto isso, porém, as marcas chinesas pisam no acelerador.
As 'Ferraris' da Xiaomi e da BYD
A Apple passou 10 anos tentando desenvolver um carro elétrico — era o "projeto Titan”, que começou em 2014 e acabou cancelado em 2024. A Xiaomi, que também ganha a maior parte do seu dinheiro com celulares, não teve o mesmo problema.
Ela anunciou em 2021 que faria uma elétrico. E em dois anos lançou o SU7. Em fevereiro começou a entregar a versão nervosa, a SU7 Ultra, de 1.500 cavalos.
A BYD, maior montadora da China, também entrou de cabeça nos superesportivos. E não estamos falando do Seal (um “mero” esportivo, de 530 cavalos, à venda por aqui), mas do Yangwang U9.
A Yangwang é a linha de carros caros da BYD. Eles têm o U8, um SUV estilo Land Rover, e o U9 – um monstro de 1.300 cavalos e US$ 230 mil.
Lançado há um ano, ele vendeu 100 unidades até agora — pouco até mesmo para a indústria de hipercarros. Ou seja: talvez aquela pesquisa que a Maserati encomendou tenha sido bem precisa.
Com reportagem de Giulio Piovaccari, da Reuters