Negócios
Fabricantes de ‘canetas para emagrecer’ miram mercado de US$ 100 bi por ano
Novo Nordisk, do Ozempic, e Eli Lilly, do Mounjaro sobem mais de 20% em 2024, contra apenas 1,5% do setor de saúde nos EUA.
A farmacêutica Eli Lilly entrou de vez na corrida dos medicamentos para perda de peso e surpreendeu no final de abril ao elevar em US$ 2 bilhões a previsão de vendas neste ano do Mounjaro. A americana desponta como a principal concorrente da dinamarquesa Novo Noridsk, que fabrica o Ozempic – tanto um como o outro são medicamentos injetáveis indicados contra a diabetes tipo 2.
Embora seja ‘off-label’ – ou seja, sem indicação na bula – para perda de peso pura e simples, ambos os remédios (já aprovados pela Anvisa) impulsionam o setor de medicamentos para emagrecer. A estimativa do Goldman Sachs é de que esse nicho atingirá US$ 100 bilhões por ano até 2030.
No caso específico da substância do Mounjaro, a tirzepartida, o Bank of America prevê receitas de US$ 60 bilhões até o fim desta década. Já a semaglutida, princípio ativo do Ozempic, transformou a Novo Nordisk na empresa mais valiosa da Europa, com um valor de mercado próximo à marca de US$ 550 bilhões – maior que o PIB da Dinamarca, seu país natal.
A patente da semaglutida pertence à farmacêutica dinamarquesa. Ela detém exclusividade sobre o uso do princípio ativo até julho de 2026 – dali em diante, estará liberada a produção de genéricos do Ozempic. Mas não do Rybelsus, que é a versão oral (mais confortável) do medicamento à base de semaglutida. A patente do mecanismo que permite a assimilação oral do princípio ativo vai até 2031.
Desde o início de 2024, as farmacêuticas Novo Nordisk e Eli Lilly apresentam alta de 22,5% e 29%, respectivamente, contra um aumento de apenas 1,5% do setor de saúde nos EUA.
De modo geral, estudos mostram que, enquanto o medicamento da dinamarquesa tem efeito maior sobre a perda de apetite; o da americana induz a sensação de saciedade.
Crescimento sem precedentes
Eli Lilly e Novo Nordisk travam uma batalha para dominar o mercado de remédios para perda de peso. Ambas buscam aumentar a produção de substâncias injetáveis à medida que o crescimento da demanda supera a oferta, apesar do preço elevado do medicamento.
Nos Estados Unidos, o Mounjaro é vendido por cerca de US$ 1 mil o pacote com quatro canetas (o bastante para um mês, apenas). O remédio ainda não tem data para chegar às farmácias brasileiras. Quando chegar, custará de R$ 1 mil a perto de R$ 4 mil (dependendo da dosagem e da quantidade de canetas por embalagem).
Devido à demora na disponibilidade, há quem opte pela importação. Porém, nesse caso, há o risco de o medicamento ficar preso na Alfândega.
Em comunicação oficial, a Eli Lilly afirma que avalia estratégias para garantir o fornecimento do medicamento no mercado nacional. O Brasil é considerado um dos maiores mercados de remédios para emagrecer do mundo, representando um faturamento de mais de R$ 190 bilhões para as farmacêuticas apenas no ano passado.
A previsão da Elli Lilly é a de que as vendas globais do Mounjaro fiquem entre US$ 42,4 bilhões e US$ 43,6 bilhões em 2024. A estimativa anterior era de US$ 40,4 bilhões a US$ 41,6 bilhões. No dia do anúncio, as ações da farmacêutica subiram 5,7%.
Em relatório, a XP destaca que a receita da Eli Lilly no primeiro trimestre deste ano foi impactada por vendas abaixo do esperado do Mounjaro. No entanto, não foi por falta de demanda, ressaltam o estrategista Paulo Gitz e e a analista Maria Irene Jordão. O desempenho refletiu, sim, problemas logísticos.
Já o lucro da Eli Lilly veio acima do esperado, somando US$ 2,24 bilhões entre janeiro e março, beneficiado por menores custos de produção. Imagine quando os problemas de logística estiverem resolvidos.
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